quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Onde estão as árvores?

Cada dia que passa aumento mais o meu caminho, ando mais pelas ruas da minha cidade, pois indo ou voltando do trabalho preciso cruzar de um lado e do outro das calçadas buscando uma sombra que me alivie do forte calor.

Os verões me assustam, cada ano me assustam mais pois chegam cada vez mais quentes. Eu desço o morro de minha casa e só vejo a luz do sol, o paralelepípedo não quero de jeito algum experimentar de pés descalços, pois emanam um calor horrível que chegam ao meu rosto.

A cada passo me desespero, não existe sequer uma sombra, haja vista, são quase meio dia e o sol em cima num ângulo reto sobre nossas cabeças, nem as sombras das casas podem me cobrir e me aliviar, daí me pergunto:

Onde estão as árvores?

Onde estão todas aquelas árvores que haviam na minha rua, moro aqui desde os 05 anos de idade, e hoje percebi o quanto cortaram as árvores do bairro, e não só no bairro, mas em toda cidade.

O ser humano, humano? Posso chamar algo assim de humano? Um ser que devasta o próprio ambiente para ocupá-lo de maneira agressiva não se importando sequer com a própria sobrevivência.

Será que é tão difícil perceber que o calor é conseqüência da falta de cobertura natural, do asfaltamento e da floresta de concreto que criou-se? As árvores fazem sombra, evitam que o sol atinja diretamente o solo, o calor fica na planta que transforma o gás-carbônico em oxigênio, será que é tão difícil perceber que essa equação não está mais sendo possível ser feita?

Andando pela rua da minha casa até o centro da cidade posso contar nos dedos o número de árvores que ainda estão de pé, com uma mão só! Minha cidade é um inferno escaldante, fica dentro de um vale, no verão beira os 40 graus, a sensação é horrível, não existe árvores nas ruas, nem do centro e nem mais nos bairros, os carros disputam as poucas árvores que tem para aproveitar sua sombra, como disse no início, fico costurando de calçada em calçada procurando evitar os raios do sol.

Não é necessário ser cientista, ecologista, meteorologista, astrônomo para entender porque no sul do Brasil está ventando tanto, simplesmente desmataram toda floresta para plantar soja, tiraram a barreira natural que segurava as frentes mais fortes de vento e agora elas passam sem nenhum obstáculo causando toda aquela devastação.

Por que cada ano que passa o país está mais quente? O clima está tão mais intenso? Porque o pantanal e a Floresta Amazônica estão desaparecendo para plantar grãos, cana-de-açucar e criar boi, resumindo, para o homem ganhar dinheiro.

Nessa minha cidade tão quente, que parece a casa de férias do Diabo, não há política de desenvolvimento urbano, não há plano arquitetônico paisagístico, não há preocupação com nada, o meio-ambiente aqui é desprotegido, colocaram a rede de água nas mãos de uma poderosa empreiteira que não está muito afim de fazer caridade, todos sabem, que a água em breve será o maior investimento do planeta, muito mais do que o petróleo, o ser humano viverá sem petróleo, criará outras fontes de energia alternativas, mas e a água? Como viveremos sem água?

Aqui não existe árvore, não existe uma praça arborizada, os poucos lugares que ainda possuem algumas espécies são os locais mais frescos, antigamente em minha rua, que eu me lembre, existiam 14 árvores, que davam uma boa sombra, hoje, não existe mais nenhuma, foram todas derrubadas, mortas, para um pequeno espaço de chão, 14 árvores é muita coisa, e também é muita árvore para virar lembrança, agora, hoje, não existe sombra para estacionar os carros, a rua exala o calor refletido do solo, as tardes e noites são muito mais quentes, pior ainda quando acontecem os temidos apagões.

O que eu lembro dessas árvores me faz sentir tristeza hoje, ao andar da minha casa até a minha antiga escola para poder ver uma árvore nessa rua, por todo trajeto só pedras e cimento, nenhuma sombra, subir o morro é um sacrifício enorme, e todos os dias, antes de almoçar, preciso tirar toda roupa e me jogar num banho dentro do tanque para me aliviar.

E é tudo uma corrente, desmatam as terras, o solo empobrece, a água desaparece, água essa necessária para gerar energia elétrica, sem água os apagões acontecem, o prejuízo é certo!

O homem, com o dinheiro que está arrecadando com a devastação do planeta está comprando a própria cova, a agricultura e as criações não sobriverão à desertificação, o que presumem os cientistas, não demorará muito acontecer no centro-oeste e na região amazônica. Não existe 2012, não existe os 04 cavaleiros do Apocalipse, não tem essa de mitos e crenças, quem vai nos matar somos nós mesmos, únicos seres vivos deste planeta que destrói para viver (e não para sobreviver), viver do luxo e do poder.

Enquanto isso, vou costurando pelas ruas da minha cidade, lembrando que existia uma árvore ali e outra aqui, na verdade existiram milhões de árvores, mas nós, seres humanos, não sabemos ocupar o solo, nós, seres humanos, somos pragas, como gafanhotos, que destrói tudo e depois desaparece.

E o sol será testemunha dessa extinção!

A resposta à pergunta do Post é: As árvores estão no bolso dos grandes latifundiários, nos bolsos de grandes produtores de grãos, carne, açúcar e combustível, estão no bolso dos madereiros, dos grileiros, dos políticos corruptos e dos administradores dos órgãos públicos que aceitam propina e suborno para taparem os olhos em frente à ilicitude. As árvores estão no jogo de poder, na corrupção e na ganância de um ser que é o único que possui esse sentimento dentro de si, todos os seres da terra estão aqui para fazerem parte do todo, nós não, queremos que o todo faça parte de nós.

Somos o câncer de um corpo que pede socorro, estamos adoecendo o planeta e para todo mal existe a cura, ou o planeta morre ou expulsa quem o está matando. E não há dinheiro nenhum no mundo que compre isso.

Há homens que se acham espertos, mas não sabem o quanto são tolos diante da grandeza da natureza.

Alex Cardoso