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Desejo de expor o assombro que tenho experimentado ao ver as dores do mundo, os calvários da humanidade.
As dores são muitas. Então quis eleger uma delas: o seqüestro da subjetividade. Um roubo silencioso que nos leva de nós: acontecimento comum, mas não noticiado, que fragiliza e impossibilita o humano de viver a realização para a qual foi feito.
A vida humana é uma constante experiência de travessia. Estamos em êxodos contínuos, em processos de deslocamentos intermináveis, porque, enquanto estivermos vivos, seremos convidados para o movimento que nos proporciona a superação de estágios, condições e atitudes.
O ser humano se encontra cm constante evolução. Nunca estará completo. A morte nos surpreenderá e ainda estaremos em processo de feitura. Um destes processos é a travessia: "da condição de indivíduos à condição de pessoas". É simples. Nascemos indivíduos, mas a condição de pessoa é um lugar a ser alcançado. Precisamos, pela força do aperfeiçoamento, chegar aos dois pilares sobre os quais o conceito de pessoa se estabelece. Ser pessoa consiste em "dispor de si e dispor-se aos outros".
O seqüestro da subjetividade é um acontecimento que atenta diretamente contra o primeiro aspecto deste processo: "a disposição de si".
Toda relação que priva o ser humano de sua disposição de si, de sua pertença, ou seja, a capacidade de administrar a própria vida, alguma fôrma caracteriza-se como "seqüestro da subjetividade"!
A palavra "seqüestro" já é absolutamente familiar a todos nós. Habitualmente acompanhamos pelos noticiários casos de pessoas que são separadas de suas famílias e mantidas em cativeiros. E o seqüestro do corpo. Estabelecida à ruptura, começa a negociação entre familiares e seqüestradores, O desfecho desta modalidade de violência dependerá do resultado da negociação.
O seqüestro do corpo é uma fôrma de roubo. Alguém foi materialmente levado de seu meio.
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Do livro do Pe. Fábio de Melo - Quem me roubou de mim?