terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Há 12 anos atrás ...

Há 12 anos atrás meu pai falecia de câncer. Meu mestre, amigo, conselheiro, mágico, incentivador, treinador, professor, coator, meu grande amor e tantos outros adjetivos deixou de existir. Escolheu uma madrugada de 1998, no mês de fevereiro às 3:00 da manhã para respirar pela última vez ao meu lado, só eu assistindo, como se ele tivesse escolhido aquele momento para ser o último ao meu lado. Eu já tinha falado para todo mundo que eu não queria ir no hospital ver meu pai daquele jeito, mas meu irmão estava cansado e minha mãe me pediu para ficar lá naquela noite, estava eu e a outra mulher dele, e eu estava dormindo quando ela me acordou e disse: "Alex, seu pai está indo!"

Eu estava deitado num colchão no chão do quarto de hospital com o livro Nosso Lar de Chico Xavier nas mãos e me levantei, meu pai estava tentando puxar o ar no desespero de dar as últimas respiradas, então em alguns instantes, levantou o peito para cima e suspirou, estava lá meu pai morto.

Alguns dias antes, quando meu pai ainda estava em tratamento, retirando litros de líquido dos pulmões no hospital, ele me chamou, me pediu para buscar um médico, percebendo que a situação era crítica, me disse que gostaria de pedir ao médico para deixá-lo viver até eu me formar porque o sonho dele era me ver formado. Ele e eu sabíamos que não daria.

Eu estava indo para o terceiro ano de arquitetura no Rio de Janeiro, era dezembro de 1997, no mês de fevereiro meu pai se foi, sem me ver formado. Dois dias antes dele morrer, quando já não falava e não se mexia, eu percebi que estava perdendo meu pai e que precisava prometer a ele uma coisa, foi quando abracei-o, acariciei seus cabelos, meu amigo Thiago estava visitando e presenciou toda cena, agachei até o ouvido do meu pai e disse:

"Pai, eu prometo que eu vou me formar, que eu vou ser bom naquilo que eu formar, por que eu Te Amo pai!"

Foi a primeira e única vez na minha vida que eu consegui falar "EU TE AMO" para o meu pai, sempre escrevi, mas falar, nunca, e Graças a Deus naquele dia eu consegui falar porque se não tivesse acontecido ali, eu não sei como eu estaria hoje.

E foi então que o sonho do meu pai tornou-se um sonho para mim, corri atrás, a faculdade do Rio negou uma bolsa de estudos para mim, uma instituição tão religiosa não recebe bem a notícia de que um aluno perdeu o pai e não pode pagar sozinho a mensalidade tão alta, hipócritas!

Voltei para Cachoeiro e ingressei na faculdade de Ciências Contábeis, pensando em seguir a carreira que meu pai tão bem exerceu. Durou apenas 06 meses, não tinha nascido para aquilo.


Foi quando em 2004, no dia do meu casamento eu fiquei sabendo que eu havia passado na faculdade de Direito, das 100 vagas eu tinha ficado em 99 estudando 2 semanas para as provas, parece que era para mim mesmo aquela vaga. Com a ajuda da minha esposa e do meu sogro eu me formei no ano de 2008 e realizei o sonho do meu pai, levei comigo, no dia da colação uma foto dele no meu bolso, mas estava faltando algo, estava faltando eu pagar uma promessa que eu tinha feito.

Nessa semana, antes de completar 12 anos do aniversário de sua morte, fui até Campos Altos - MG, cidade onde ele nasceu e foi sepultado, distante 815 km de Cachoeiro que completei minha missão. Diante do seu túmulo, entreguei meu canudo para o seu verdadeiro dono e disse: "Pai, a promessa está paga, agora o Senhor pode descansar em paz!"

E assim foi feito:

Abrace seus pais, diga que os ama,
leve a sério o sonho de quem acredita em você.