sábado, 31 de outubro de 2009

Mulheres que Amam demais

Prefácio do Livro de Robin Norwood.

QUANDO AMAR significa sofrer, estamos amando demais. Quando grande parte de nossa conversa com amigas íntimas é sobre ele, os problemas, os pensamentos, os sentimentos dele — e aproximadamente todas as nossas frases se iniciam com "ele...", estamos amando demais.

Quando desculpamos sua melancolia, o mau humor, indiferença ou desprezo como problemas devidos a uma infância infeliz, e quando tentamos nos tornar sua terapeuta, estamos amando demais. Quando lemos um livro de auto-ajuda e sublinhamos todas as passagens que pensamos que irão ajudá-lo, estamos amando demais.

Quando não gostamos de muitas de suas características, valores e comportamentos básicos, mas toleramos pacientemente, achando que, se ao menos formos atraentes e amáveis o bastante, ele irá se modificar por nós, estamos amando demais.

Quando o relacionamento coloca em risco nosso bem-estar emocional, e talvez até nossa saúde e segurança física, estamos definitivamente amando demais. Apesar de toda a dor e insatisfação, amar demais é uma experiência tão comum para muitas mulheres, que quase acreditamos que é assim que os relacionamentos íntimos devem ser.

A maioria de nós amou demais ao menos uma vez, e, para muitas, está sendo um tema repetido na vida. Algumas nos tornamos tão obcecadas por nosso parceiro e nosso relacionamento, que quase não somos capazes de agir.

(...) o fato de querermos amar, de ansiarmos por amor ou de amar em si torna-se um vício. Vício é uma palavra assustadora. Ela evoca imagens do dependente de heroína espetando agulhas nos braços e levando uma vida obviamente autodestrutiva. Não gostamos da palavra e não gostamos de aplicar o conceito à forma de nos relacionarmos com homens. Mas muitas de nós fomos viciadas em um homem e, como qualquer outra pessoa viciada, temos que admitir a seriedade de nossos problemas para que possamos empreender a recuperação.

Se você já ficou obcecada por um homem, você deve ter suspeitado que a essência daquela obsessão não era amor, e sim medo. Nós que amamos obsessivamente somos cheias de medo — medo de estarmos sozinhas, medo de não termos valor nem merecermos amor, medo de sermos ignoradas, abandonadas ou destruídas. Damos nosso amor na esperança de que o homem por quem estamos obcecadas cuide de nossos medos. Ao invés disso, os medos — e nossas obsessões — aprofundam-se, até que dar amor para obtê-lo de volta torna-se uma força propulsora em nossas vidas. E porque nossa estratégia não surte efeito, esforçamo-nos e amamos ainda mais. Amamos demais.

(...)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Outdoors - Onde está o compromisso com a cidade?

Cachoeiro, linda e limpa!

Este texto tem o propósito de alertar e sensibilizar o cidadão comum e principalmente a classe política do município para um problema que vêm tomando proporções que em breve trarão um dano enorme à imagem de nossa cidade. Venho aqui tentar mostrar o descontrole de uma atividade que, devido a sua falta de regulamentação, tem trazido como conseqüência o empobrecimento da paisagem urbana, já tão carente de conservação.

A atividade de comunicação externa da cidade formada pela grande quantidade de outdoors vêm empobrecendo a paisagem da cidade de Cachoeiro e tornando nossas ruas lugares insuportáveis de se viver. Os outdoors trouxeram para o nosso cotidiano a mudança do ordenamento urbano, na verdade, sua prática desordenada ameaça as ruas e praças de tal forma que em alguns anos corremos o risco de estarmos convivendo com edificações com altura de prédios formadas apenas por placas e pedaços de papel e madeira, onde antes se instalava apenas um outdoor se instalam quatro, um em cima do outro, na Avenida Jones dos Santos Neves em frente ao Supermercado Perim, existem num trecho de mais ou menos 100 metros, doze outdoors. Na Avenida Francisco Lacerda de Aguiar, em frente ao novo prédio da Unimed antes havia apenas um outodoor e agora já existem quatro! E na mesma Avenida, agora na frente do Shopping Sul, já são 08 placas gigantes misturando-se com a paisagem. Na ponte que liga o centro ao Cristo Rei, uma estrutura de madeira preta contrasta-se com a paisagem do rio Itapemirim e dos prédios. Nada impede que essas estruturas sejam montadas, nem ao menos há um órgão que cobre pela sua manutenção e regulamentação.

No ano de 2007 entrou em vigor na cidade de São Paulo a LEI CIDADE LIMPA, um texto inovador e ao mesmo tempo provocador do questionamento sobre os limites da intervenção negativa do particular na paisagem pública, bem como, a intervenção do Estado como meio garantidor de um ambiente digno. Diante da situação alarmante que hoje vive a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, bem como outras cidades não só do Estado, mas de todo país, é de extrema importância que essa lei seja considerada um instrumento de alerta, que seja o destapar dos olhos de quem realmente tem condição de mudar essa situação. O bem comum deve ter seu direito resguardado pelo Estado, que por sua vez deve garantir por meio de normas e se necessário por meio de coerção, que o interesse público esteja acima do interesse particular. Se tomarmos como exemplo a LEI CIDADE LIMPA, que literalmente limpou a maior cidade do país e um dos maiores centros urbanos do mundo, estaremos concordando que nosso município precisa urgentemente regular essa atividade econômica e várias outras que vêm trazendo prejuízo para o cidadão comum.

É competência do Governo Municipal promover o bem estar da população impedindo que um pequeno grupo da classe empresária lucre com a devastação da imagem de nossa cidade. Que a LEI CIDADE LIMPA consiga chegar às mãos de nossos governantes e sensibilize-os fazendo com que se preocupem e zelem pelo lugar onde vivemos o qual temos o direito de gozar com extrema felicidade. Este é meu tema de monografia no meu último ano da faculdade de direito, o cidadão tem o direito de exigir o que o Estado tem o dever de garantir, o bem-estar social e um lugar digno de se viver.

Fica a pergunta, onde está o Poder Público? Onde está a vontade política? Onde está o cumprimento de normas descritas na Lei Orgânica Municial e no Estatuto das Cidades de Cachoeiro? Onde estão as Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico?

Cachoeiro está imunda, suja, tomada de cartazes, placas, outdoors e carros de som estridentes espalhados pelas ruas. Ninguém toma providências e a maioria dos políticos e secretários estão de braços cruzados, ouvidos tapados e bocas fechadas, esquecem de um primordial princípio da Administração Pública chamado Supremacia do Interesse Público sobre o Particular.

Além dos outdoors, podemos citar vários outros problemas simples e tão necessários, dois pequenos exemplos:

Não há lixeiras na cidade, as poucas que tem são depredadas, as pessoas jogam o lixo no chão ou fazem como eu, guardam na mão ou nos bolsos até chegar em suas casas ou escritórios.

Não existe placas de identificação nas ruas, ninguém sabe o nome da rua onde mora ou da rua vizinha, ninguém consegue informar ou nenhum turista consegue chegar a lugar nenhum sem saber onde está, as ruas do meu bairro, o Ibitiquara, não possuem nenhuma placa informando os nomes das suas ruas, é um absurdo!

As paredes das lojas e edifícios do centro da cidade estão tomadas de cartazes de eventos que são colados e depois ficam ali no tempo "decorando" de modo horrível o centro da cidade, não há fiscalização ou lei que impeça o mal uso dessa atividade.

As peruinhas de som andam pela cidade com o som em altos decibéis, é impossível conversar ou falar ao celular, sem contar que elas atrapalham o trânsito, já tão caótico.

As motos, andam com seus canos de escapamento alterados, causando um barulho ensurdecedor, horripilante e irritante.

O quadro de nossa cidade é esse, um lugar sem lei, sem futuro e sem gorverno.

Cachoeiro foi convencida de que seria limpa à época das eleições do Sr. Casteglione, hoje, me arrependo de ter gastado meu tempo e minha esperança naquela urna eletrônica, esse Senhor disse em seu programa eleitoral que Cachoeiro estava imunda, suja, e foi ali que eu acreditei que algo iria mudar, mas pelo visto, promessas de campanha, continuam sendo promessas de campanha, uma utopia, um sonho, como é o meu sonho de ver minha cidade um dia transformada e elogiada pelas pessoas que a visitam.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O sonho ficou pra trás ...

Vergonha!

Ganha de São Paulo, Palmeiras e Botafogo ... perde para Barueri. Só o Flamengo mesmo. Mais um ano na fila, desde 1992 não sei o que é ir para as ruas comemorar um título brasileiro, o último, faz tanto tempo que o meu amigo Kiko ainda era vivo e saímos correndo de casa amarrados no meu bandeirão correndo na chuva rumo à Beira-Rio lotada!

Pior que perder para um timinho de quinta é perder como um timinho de quinta!

Agora é torcer contra o São Paulo.

A felicidade está dentro de nós?

Hoje em dia, é voz corrente que a felicidade é um estado interior.

Quando, porém, se trata de a definir com profundidade e coerência, de tal forma que não possa suscitar qualquer contradição, aí os esquemas divergem e certas definições naufragam.

Margaret Bonnano diz que "viver feliz toda a vida só é possível vivendo um dia após o outro."

Edward Grieg acentua: "Se não encontrar a felicidade dentro de mim, não a encontrarei em lugar nenhum."

Um dos pioneiros da auto-ajuda, o escritor Dalle Carnegie, escreveu: "A felicidade não depende de factores externos. A felicidade depende de factores internos. Não é o que você é, nem o que você tem, nem o que você faz, nem onde você está que o faz feliz ou infeliz, mas o que você pensa sobre isso."

Foi feita uma pesquisa na Universidade de Colúmbia, EUA, liderada pelo psicólogo Kennon Sheldon, sobre as necessidades psicológicas essenciais ao ser humano. Foram ouvidos vários grupos de universitários norte-americanos e um grupo sul-coreano.

Segundo as pessoas entrevistadas, as necessidades essenciais são as seguintes: autonomia, competência, proximidade com outras pessoas e amor a si mesmo.

Também lhes foi pedido que mencionassem acontecimentos recentes que lhes tivessem trazido felicidade e o curioso é que ninguém escolheu ocasiões que tivessem uma relação direta com dinheiro, fama e beleza.

Do livro: Porque as pessoas felizes são felizes de Lauro Trevisan.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

AMOR PRÓPRIO

BAUMAN, Zygmunt. AMOR LÍQUIDO: sobre a fragilidade dos laços humanos.

"Amor-próprio – o que significa isso? O que eu amo “em mim mesmo”? O que eu amo quando amo a mim mesmo? Nós, humanos, compartilhamos os instintos de sobrevivência com nossos primos animais sejam os próximos, os nem tão próximos ou os bem distantes – mas, quando se trata de amor-próprio, nossos caminhos se separam e seguimos por conta própria.É verdade que o amor-próprio estimula a gente a se “agarrar à vida”, a tentar a todo custo permanecer vivo, a resistir e enfrentar o que quer que ameace pôr fim à nossa vida de modo prematuro ou abrupto, ou, melhor ainda, a melhorar nosso vigor e aptidão física para tornar efetiva essa resistência.

Para termos amor-próprio, precisamos ser amados. A recusa do amor – a negação do status de objeto digno do amor – alimenta a auto-aversão. O amor-próprio é construído a partir do amor que nos é oferecido por outros. Se na sua construção forem usados substitutos, eles devem parecer cópias, embora fraudulentas, desse amor. Outros devem nos amar primeiro para que comecemos a amar a nós mesmos.E como podemos saber que não fomos desconsiderados ou descartados como um caso sem esperança, que o amor está, pode estar, estará prestes a aparecer, que somos dignos dele, e assim temos o direito de nos entregar ao amour de soi e ter prazer com isso? Nós o sabemos, acreditamos que sabemos e somo s tranqüilizados de que essa crença não é um equívoco quando falam conosco e somos ouvidos, quando nos ouvem com atenção, com um interesse que trai/sinaliza uma presteza em responder. Então, concluímos que somos respeitados. Ou seja, supomos que aquilo que pensamos, fazemos ou pretendemos fazer é levado em consideração.

Se os outros me respeitam, então obviamente deve haver “em mim” – ou não deve? – algo que só eu lhes posso oferecer. E obviamente existem outros – não existem? – que ficariam satisfeitos e gratos por isso lhes ser oferecido. Eu sou importante e o que penso e digo também é. Não sou uma cifra, facilmente substituída e descartada. Eu “faço diferença” para outros além de mim. O que digo e sou e faço tem importância – e isso não é apenas um vôo da minha fantasia. O mundo à minha volta seria mais pobre, menos interessante e promissor se eu subitamente deixasse de existir ou fosse para outro lugar.

Se é isso que nos torna objetos legítimos e adequados do amor-próprio, então a exortação a “amar o próximo como a si mesmo” (ou seja, ter a expectativa de que o próximo desejará ser amado pelas mesmas razões que estimulam nosso amor-próprio) evoca o desejo do próximo de ter reconhecida, admitida e confirmada a sua dignidade de portar um valor singular, insubstituível e não-descartável. A exortação nos leva a pressupor que o próximo de fato representa esses valores – ao menos até prova em contrário. Amar o próximo como amamos a nós mesmos significaria então respeitar a singularidade de cada um – o valor de nossas diferenças, que enriquecem o mundo que habitamos em conjunto e assim o tornam um lugar mais fascinante e agradável, aumentando a cornucópia de suas promessas.

..."

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Fernando Pessoa - Um poeta DDA

MENTES INQUIETAS
ANA BEATRIZ B. SILVA

Fernando Pessoa — "Um navegador de várias almas.”

Nascido em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888, Fernando Pessoa sinaliza em sua obra traços de uma mente com funcionamento DDA: inquietação,contradição, desorganização, devaneios, hiperconcentração, criatividade,intolerância ao tédio, dificuldade em seguir regras... Criou vários "eus”, os famosos heterônimos, para descrever o mundo sob diversos ângulos: ”Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não.”

Lendo sua obra, observam-se exemplos indicativos de um comportamento DDA. Como no poema ”Liberdade”, no qual fustiga o tédio e desafia conceitos estabelecidos:

Ai, que prazer
não cumprir um dever
ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada
estudar é nada.
O sol doira sem literatura
O rio corre bem ou mal,
sem edição original
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma
Quanto melhor é quando há bruma
Esperar por D. Sebastião,
quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças
flores, música, o luar, e o sol que peca
só quando, em vez de criar, seca
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
que não sabia nada de finanças,
nem consta que tivesse biblioteca...

A contradição, a visão imprecisa sobre si mesmo e a baixa autoestima também aparecem de maneira clara no poema ”Tabacaria”, do heterônimo Álvaro de Campos. Um momento de inspiração de Fernando Pessoa, que se autodenominava o ”Poeta da Natureza”:

Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
À parte isso
Tenho em mim todos os sonhos do mundo...

Ia da tristeza à alegria em curtos espaços de tempo, indicando ser uma personalidade inquieta e de humor instável. Embora muitos o acusem de ser um poeta melancólico e pessimista, a esperança e o desejo de melhorar as pessoas também aparecem em sua obra, como no poema "Para ser grande”, de um dos seus mais importantes heterônimos, Ricardo Reis:

Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago
a lua toda brilha, porque alta vive.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Tá nervoso? Vai montar!

Tá nervoso? Tá triste? Tá chateado? Tá estressado? Pratique um exercício diferente para você trabalhar sua ansiedade, depois de quase 40 montados eu ainda não consegui porque eu fico doido para ver pronto no mesmo dia, mas, quem sabe daqui mais uns 40 aviões como esses da foto, eu não consiga controlar meu nervosismo? Independente de ser nervoso ou não, é um exercício muito legal, um hobby muito gostoso e que no final deixa um resultado de encher os olhos, mesmo que a pintura saia um pouco tosca (nas palavras da minha esposa), mas, tenho que concordar com ela, e ela tem que entender que são pintados com pincel, na mão, não é tarefa das mais fáceis.

Quem se interessar, a melhor loja de plastimodelismo que eu indico tem um site chamado:

www.ccenter.com.br

Não se limita a ter um estoque só de aviões à hélice, possui aviões à jato, navios, tanques, veículos, figuras e carrinhos de metal, além de todo material necessário para montagem como pincel, tintas, decais, etc.

Até!





Não é necessário ter um rio de dinheiro para se divertir por uns dias. Basta fazer o que gosta, independente do preço que se paga.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

AMOR LÍQUIDO - Parte 4

BAUMAN, Zygmunt. AMOR LÍQUIDO: sobre a fragilidade dos laços humanos.

O desejo precisa de tempo para germinar, crescer e amadurecer. Numa época em que o “longo prazo” é cada vez mais curto, ainda assim a velocidade de maturação do desejo resiste de modo obstinado à aceleração. O tempo necessário para o investimento no cultivo do desejo dar lucros parece cada vez mais longo – irritante e insustentavelmente longo. Se você investe numa relação, o lucro esperado é, em primeiro lugar e acima de tudo, a segurança – em muitos sentidos: a proximidade da mão amiga quando você mais precisa dela, o socorro na aflição, a companhia na solidão, o apoio para sair de uma dificuldade, o consolo na derrota e o aplauso na vitória; e também a gratificação que nos toma imediatamente quando nos livramos de uma necessidade. Mas esteja alerta: quando se entra num relacionamento, as promessas de compromisso são “irrelevantes em longo prazo”. Numa relação, você pode sentir-se tão inseguro quanto sem ela, ou até pior. Só mudam os nomes que você dá à ansiedade.

O fracasso no relacionamento é muito frequentemente um fracasso na comunicação. Como observou Knud Logstrup – inicialmente o insinuante evangelista da paróquia de Funen, mais tarde o estridente filósofo da ética na Universidade de Aarhus, há duas “perversões divergentes” à espreita do comunicador imprevidente ou descuidado. Uma delas é “o tipo de associação que, devido à preguiça, ao medo ou a uma propensão à acomodação no relacionamento, consiste simplesmente em tentar agradar um ao outro enquanto se continua fugindo do problema”.

Outra perversão consiste em “nosso desejo de mudar os outros. Temos opiniões definidas sobre como fazer as coisas e sobre como os outros deveriam ser. Essas opiniões carecem de critério, pois, quanto mais definitivas, mais necessário se torna que evitemos ser confundidos por uma compreensão excessiva daqueles que devem ser mudados”.(...) eu amo você, e assim permito que você seja como é e insiste em ser, apesar das dúvidas que eu possa ter quanto à sensatez de sua escolha. Não importa o mal que sua obstinação possa me causar: não ousarei contradizer você, muito menos pressionar para que você escolha entre a sua liberdade e o meu amor. Você pode contar com a minha aprovação, aconteça o que acontecer... E já que o amor não pode deixar de ser possessivo, minha generosidade amorosa é baseada na esperança: aquele cheque em branco é um presente do meu amor, um presente precioso que não se encontra em outros lugares. Meu amor é o refúgio tranqüilo que você procurava e de que precisava mesmo que não procurasse. Agora você pode sossegar e suspender a busca...

Eis aí a possessividade amorosa – mas uma possessividade que procura realizar-se por meio do autocontrole. O amor é uma das respostas paliativas a essa bênção/maldição da individualidade humana, que tem como um dos seus muitos atributos a solidão que tende a advir da (como insinua Erich Fromm, seres humanos de todas as idades e culturas são confrontados com a solução de uma única e mesma questão: como superar a separação, como alcançar a união, como transcender a vida individual e encontrar a “harmonia com o todo”). Onde há dois não há certeza. Ser duplo significa consentir em indeterminar o futuro. Franz Kafka observou que somos duplamente distintos de Deus. Tendo comido da árvore do bem e do mal, nós nos distinguimos Dele, enquanto o fato de não termos comido da árvore da vida O distingue de nós. Ele (a eternidade, na qual se abraçam todos os seres e seus feitos, em que tudo que pode ser é, e tudo que pode acontecer acontece) está próximo de nós. Fadado a permanecer secreto – eternamente além de 4 nossa compreensão. Mas sabemos disso, o que não nos permite ter sossego. Desde a fracassada tentativa de erigir a Torre de Babel, não podemos deixar de tentar e errar e fracassar e tentar novamente.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

AMOR LÍQUIDO - Parte 3

BAUMAN, Zygmunt. AMOR LÍQUIDO: sobre a fragilidade dos laços humanos.

Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não mapeada.

E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos.

Quando se trata de amor, posse, poder, fusão e desencanto são os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.Nisso reside a assombrosa fragilidade do amor, lado a lado com sua maldita recusa em suportar com leveza a vulnerabilidade.O amor é uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável.O amor pode ser, e frequentemente é tão atemorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento. Faz sentido pensar na diferença entre amor e morte com na que existe entre atração e repulsa. Pensando bem, contudo, não se pode ter tanta certeza disso. As promessas do amor são, vis de regra, menos ambíguas do que suas dádivas. Assim, a tentação de apaixonar-se é grande e poderosa, mas também o é a tração de escapar. E o fascínio da procura de uma rosa sem espinhos nunca está muito longe, e é sempre difícil de resistir.

O amor, por outro lado, é a vontade de cuidar, e de preservar o objeto cuidado.No amor, o eu é, pedaço por pedaço, transplantado para o mundo. O eu que ama se expande doando-se ao objeto amado. Amar diz respeito à auto-sobrevivência através da alteridade. E assim o amor significa um estímulo a proteger, alimentar, abrigar; e também à carícia, ao afago e ao mimo, ou a – ciumentamente – guardar, cercar, encarcerar. Amar significa estar a serviço, colocar-se à disposição, aguardar a ordem.

Mas também pode significar expropriar e assumir a responsabilidade. Domínio mediante renúncia, sacrifício resultando em exaltação. O amor é irmão xifópago da sede de poder – nenhum dos dois sobreviverá à separação.Se o desejo quer consumir, o amor se autoperpetua.

Desejo e amor se encontram em campos opostos. O amor é uma rede lançada sobre a eternidade, o desejo é um estratagema para livrar-se da faina de tecer redes. Fiéis a sua natureza, o amor se empenharia em perpetuar o desejo, enquanto este se esquivaria aos grilhões do amor.(...) não impeça que um “relacionamento significativo” termine em “dificuldades e amarguras” quando um dos parceiros “mantém o compromisso de levar a relação adiante enquanto o outro está ávido por caçar em outras pastagens”. As soluções de meio-termo – como todos os outros arranjos “até segunda ordem” num ambiente fluido no qual amarrar o futuro é algo tão irrealizável quanto apreciado – não são necessariamente ruins. Mas, quando “você se comprometer, mesmo que sem entusiasmo”, lembre-se de que “pode estar fechando as portas a outras possibilidades românticas” (ou seja, renunciando ao direito de “caçar em novas pastagens”, ao menos até que o parceiro reivindique esse direito antes de você).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

AMOR LÍQUIDO - Parte 2

BAUMAN, Zygmunt. AMOR LÍQUIDO: sobre a fragilidade dos laços humanos.

A misteriosa fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento de insegurança que ela inspira e os desejos conflitantes (estimulados por tal sentimento) de apertar os laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos, é o que este livro busca esclarecer, registrar e aprender.

Em nosso mundo de furiosa “individualização”, os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro. Na maior parte do tempo, esses dois avatares coabitam – embora em diferentes níveis de consciência. No líquido cenário da vida moderna, os relacionamentos talvez sejam os representantes mais comuns, agudos, perturbadores e profundamente sentidos da ambivalência.

No todo, o que aprendemos é que o compromisso, e em particular o compromisso em longo prazo, é a maior armadilha a ser evitada no esforço por “relacionar-se”. Um especialista informa aos leitores: “Ao se comprometerem, ainda que sem entusiasmo,lembrem-se de que possivelmente estarão fechando a porta a outras possibilidades românticas talvez mais satisfatórias e completas”. Outro se mostra ainda mais sensível:

“Em longo prazo, as promessas de compromisso são irrelevantes...” E assim, se você deseja “relacionar-se”, mantenha distância; se quer usufruir do convívio, não assuma nem exija compromissos. Deixe todas as portas sempre abertas.

Este livro é dedicado aos riscos e ansiedades de se viver junto, e separado, em nosso líquido mundo moderno.(...), quanto mais velho você é, mais sabe que os pensamentos, embora possam parecer grandiosos, jamais serão grandes o suficiente para abarcar a generosa prodigalidade da experiência humana, muito menos para explicá-la. Nem no amor nem na morte pode-se penetrar duas vezes (...).Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer. E não se pode aprender a arte ilusória – inexistente, embora ardentemente desejada – de evitar suas garras e ficar fora de seu caminho. Chegado o momento, o amor e a morte atacarão – mas não se tem a mínima idéia de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai pegar você desprevenido. Em nossas preocupações diárias, o amor e a morte aparecerão ab nihilo – a partir do nada.

Evidentemente, todos nós tendemos a nos esforçar muito para extrair alguma experiência desse fato; tentamos estabelecer seus antecedentes, apresentar o princípio infalível de um post hoc como se fosse um propter hoc, construir uma linhagem que “faça sentido” – e na maioria das vezes obtemos sucesso.

No mundo real, tal como nos desenhos de Tom & Jerry, talvez alguns gatos tenham sete vidas ou até mais, e talvez alguns convertidos possam acreditar na ressurreição – mas permanece o fato de que a morte, assim como o nascimento, só ocorre uma vez. Não há como aprender a “fazer certo na próxima oportunidade” como um evento que jamais voltaremos a vivenciar.

O amor parece desfrutar de um status diferente do de outros acontecimentos únicos. Em todo amor há pelo menos dois seres, cada qual a grande incógnita na equação do outro.

É isso que faz o amor parecer um capricho do destino – aquele futuro estranho e misterioso, impossível de ser descrito antecipadamente, que deve ser realizado ou protelado, acelerado ou interrompido. Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível. Abrir-se ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade no ser: aquela liberdade que se incorpora no Outro, o companheiro no amor. “A satisfação no amor individual não pode ser atingida... sem a humildade, a coragem, a fé e a disciplina verdadeiras”, afirma Erich Fromm – apenas para acrescentar adiante, com tristeza, que em “uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar será sempre, necessariamente, uma rara conquista”.

Continua ...

domingo, 18 de outubro de 2009

Dia de PET - PETKOVIC

Homenagem a esse jogador que é a cara do Mengão, que gols são esses que ele fez meu Deus! Em cima do Palmeiras do Muricy - o Rabugento!

1º Golaço - Dribla e Coloca (bate não, coloca, coisa de craque).



2º Golaço - Olímpico!



PETKOVIC - um cidadão Rubro Negro:


"Tamo" chegando MENGÃO, tamo chegando!

sábado, 17 de outubro de 2009

Comprei o livro A VOLTA

Ontem fui na Americanas alugar um filme para minha esposa e olhando a banca de livros vi um título interessante na borda de um livro com cores bonitas que lembrava um fotografia antiga. Assim que peguei o livro intitulado A VOLTA logo me identifiquei com ele, uma foto de um piloto da Segunda Guerra Mundial sentado dentro de sua cabine e logo em cima uma foto de um menino. Abaixo do título a frase: A incrível e real história da reencarnação de James Huston Jr.

Bom, não sei ainda o que se passa, assim que cheguei no escritório li as 25 primeiras páginas e fiquei olhando as fotos do livro várias vezes, me identifiquei porque sou apaixonado pelo tema da Segunda Guerra, colecionador de aviões daquela época e desde menino sempre desenhei coisas de soldados, batalhas, tanques e aviões, é como se eu estivesse vendo minha própria história na capa daquele livro, porque eu acredito em reencarnação e algum tempo atrás tive a sensação (ou uma viagem) de que eu já vivi na Segunda Guerra Mundial, parece loucura acreditar numa coisa dessas, mas, por que não? Somos livres, temos o livre arbítrio de imaginar qualquer coisa, ninguém mais do que nós mesmos pode nos dizer se somos loucos ou não, e eu prefiro viver nessa loucura do que me afundar em depressão ou drogas.

Bem, deixando minha crença de lado, cheguei em casa e fui procurar na internet alguma coisa sobre o tal James Huston Jr, seu navio Natoma Bay e seus aviões, e realmente, existe um site chamado: http://natomabaycve62.org/

Neste site existem fotos, relatos, diários, tudo sobre o navio onde James serviu na marinha americana, além é claro da descrição do dia 03 de março de 1945 quando seu avião foi abatido, tudo nos mínimos detalhes. Além desse site procurei na internet e encontrei no youtube um documentário sobre a história do menino James, que segundo o livro é a reencarnação do piloto James Hunt.

Como tudo que envolve espiritismo é polêmico, o negócio é ver para crer, não adianta ficar falando mal ou duvidando da crença espiritual dos outros, temos que viver e acreditar no que nos faz bem.

Vou ler o livro e viajar nessa história que parece ser sensacional, o livro teve comentário de Waldemar Falcão do Globo.com elogiando e indicando sua leitura, deixo para vocês logo abaixo texto do seu blog e vídeos do youtube para quem tem curiosidade. O livro custa R$19,90 nas Lojas Americanas, mistura de reencarnação, segunda guerra, batalhas, aviões e navios, tudo que eu gosto num só lugar, vai ser muito bom.

Até a próxima dica de leitura.

Alex
...

Trecho retirado do Blog de Waldemar Falcão
Escrito em:29/9/2009
RECOMENDAÇÃO DE LEITURA
http://bloglog.globo.com/waldemarfalcao/

Começo esse post me desculpando pela mais longa demora que já tive aqui no Bloglog desde que comecei a participar, mas os motivos são os de sempre: trabalho, viagens e atolações diversas...

Vamos então começar essa retomada com uma recomendação que faço a vocês a respeito de um livro que li recentemente e que vai ser alvo de uma promoção aqui no Bloglog em breve. Preparem-se para participar e, quem sabe, ganhar um exemplar dele.

O livro se chama “A Volta”, e conta a história de um garoto que, a partir de dois anos de idade, começou a ter pesadelos terríveis sobre guerra, bombardeios e morte. Preocupados com a situação, seu pais começaram a pesquisar as origens do problema, e acabaram descobrindo que seu filho tinha lembranças contundentes de uma vida anterior, na qual havia sido piloto da Força Aérea Norte Americana e morto em combate no Pacífico pelas artilharias antiaéreas japonesas. A autora do prefácio, Carol Bowman, é uma das maiores especialistas na pesquisa de lembranças de vidas passadas em crianças.

Não vou contar mais para não estragar a surpresa da leitura, mas posto logo abaixo o release da editora com mais algumas informações. Boa leitura, e fiquem de olho na promoção!

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“Creio que esta é a história que finalmente abrirá a mente dos ocidentais céticos para a realidade das lembranças de vidas passadas das crianças. Ela é extraordinária porque o pequeno James se lembra de nomes e lugares (...) de sua vida pregressa, quando foi um piloto na Segunda Guerra Mundial.”
Carol Bowman

A VOLTA
a incrível e real história da reencarnação de James Houston Jr.

Bruce e Andrea Leininger com Ken Gross
Tradução de Claudia Gerpe Duarte
Editora BestSeller



“Quase dois meses depois do início dos pesadelos, James ainda estava se debatendo e berrando, mas agora Andrea decidiu tentar descobrir o que ele estava dizendo. Ela se deu conta de que os gritos não eram apenas sons incompreensíveis; eram também palavras. Quando conseguiu decifrar algumas delas, Andrea voltou rapidamente pelo corredor e sacudiu o marido, para acordá-lo.
- Bruce, você precisa ouvir o que o James está dizendo.
Bruce ficou irritado, mas saiu da cama, resmungando.
Em seguida, parado na porta do quarto do filho, ele também começou a reconhecer as palavras, e a sua indignação dissipou-se:
- O avião caiu! O avião está pegando fogo! O rapaz não consegue sair!”
...............................................

James Leininger tinha apenas dois anos quando começou a ter pesadelos quase todas as noites. Ele era uma criança bem parecida com as outras: alegre, brincava bastante e estava, ainda, aprendendo a falar. Com o passar do tempo, os sonhos foram tornando-se mais intensos e James se debatia e gritava, acordando os pais.

Bruce e Andrea Leininger ficavam transtornados, pois não compreendiam as razões que levavam seu filho a experimentar sonhos tão violentos, vivenciá-los com tanta intensidade e expressá-los com uma clareza que apenas alguém mais velho seria capaz.

Determinados a descobrir o que se passava, o casal passou a observar melhor o comportamento de James e a procurar entender o que ele gritava durante os pesadelos. Eram frases como “O avião está em chamas! O rapaz não consegue sair!”

Dali em diante, o pequeno James passou a transmitir informações detalhadas e estranhamente bem articuladas não apenas em seus pesadelos, que aos poucos se tornaram escassos, mas também desperto, enquanto brincava e desenhava, no dia a dia da família. James mostrava um conhecimento sobre aviões que jamais lhe havia sido transmitido. Passou a revelar nomes e sobrenomes, dados geográficos e, até mesmo, o que Bruce descobriu mais tarde ser a designação de um porta-aviões da Segunda Guerra Mundial.

Empenhados em desvendar as informações anunciadas, a mãe de James pediu que ele revelasse os nomes de pessoas que apareciam nos pesadelos. A criança falou do piloto James Huston Jr. como se falasse de si mesmo. Insistindo, Andrea perguntou pelo nome de algum amigo de Huston e James logo citou Jack Larson, também combatente de guerra.

Depois de criteriosas pesquisas, Bruce e Andrea descobriram que Larson era o melhor amigo de James Huston (este morto há quase 60 anos) e que hoje ele está vivo e mora no Arkansas. Os Leininger procuraram pela família de piloto e pouco tempo depois receberam uma carta de Ann Barron, irmã de Huston, dizendo que acreditava nos sonhos de James pois traziam informações convincentes e verdadeiras “não havia como ele saber se não por um aspecto espiritual.”

As evidências de uma história real e estarrecedora são expostas em A volta, livro que levará os mais céticos a considerar a possibilidade de uma criança abrigar a alma de um herói de guerra.

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Bruce e Andrea Leininger moram com seu filho James, hoje com 11 anos, em Louisiana.
Ken Gross é romancista e escritor de não ficção, mora em Brooklyn, Nova York.

Vídeos sobre a história do Garotinho James - Partes 1 e 2.




sexta-feira, 16 de outubro de 2009

AMOR LIQUIDO

1° Item - (...) “relacionar-se”, mantenha distância; se quer usufruir do convívio, não assuma nem exija compromissos. Deixe todas as portas sempre abertas.

Comentário: Hoje as pessoas preferem manter certa distância em assumir um relacionamento. Os casais da atualidade estão juntos, mas cada um morando e assumindo seu próprio compromisso.

2º Item - Nem no amor nem na morte pode-se penetrar duas vezes (...). Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer. (...) Chegando o momento, o amor e a morte atacarão.

Comentário: Esses dois fatos são acontecimentos na vida liquida de um individuo. Quando se fala de amor, pensamos logo em um sentimento bom, inexplicável, mas quando lidamos com a morte, é um sentimento de tristeza, angustia e ambos são sentimento avassaladores e deixam marcas boas ou ruins na vida de cada indivíduo.

3º Item" - (...) Não se deixe apanhar. Evite abraços muito apertados. Lembre-se de que, quanto mais profundas e densas suas ligações, compromissos e engajamentos, maiores os seus riscos.(...)"

Comentário: A pele, assim como o lençol, guarda em si os maiores segredos do (de um) corpo. Deixar, por exemplo, que um estranho a superatraente que olhávamos com desejo mesmo sem conhecê-lo, nos toque, é (dependendo da sensibilidade do outro) a confissão de pensamentos e sentimentos ora escondidos no subconsciente. Disse uma vez, Fabrício Carpinejar que o corpo não é um esconderijo seguro. O toque, as afinidades de personalidade e qualquer outra coisa que ligue as pessoas (seja por afeto ou desafeto - , dá ao outro a possibilidade involuntária de demonstrar des/afeto, e nessa demonstração deixar com que o outro tenha nas mãos a chave necessária pra chegar até o outro.Talvez, uma fraqueza sua. Talvez não.O mais aconselhável é se guardar, não expor e não se expor tanto a sentimentos nem atitudes. No mais, estará vulnerável as possibilidades intensas do cotidiano. O melhor mesmo não é nem se dá nem se retrair, é se medir.

Enviado para o meu e-mail sobre o livro AMOR LÍQUIDO de Zygmunt BAUMAN.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Policial Federal também Sofre!

Quem pensa que só caminhoneiro tem fama de corno ... lê aí ... mexer com Policial Federal é coragem hein!

Marido traído processa amante da mulher, e sentença fala em "solene corno"

15/10/2009 - 15h41 ( - G1)

"Solene corno." Essas e outras expressões, no mínimo curiosas, foram usadas por um juiz numa sentença do 1º Juizado Especial Cível do Tribunal de Justiça do Rio. A decisão foi dada em um processo em que um marido traído acusa o amante de sua mulher de calúnia e ofensa à honra e pede danos morais.

Segundo a ação, o caso começou quando o marido, um policial federal, descobriu que a mulher lhe traía. Ele, então, resolveu telefonar para o amante para cobrar explicações e exigir seu afastamento. O policial teria o ameaçado.

Assustado, o amante recorreu à corregedoria da PF, onde denunciou as ameaças. Não houve, no entanto, sigilo no processo administrativo e o marido, sentindo-se ultrajado pelo deboche de colegas de trabalho, decidiu entrar na Justiça pedindo danos morais ao amante.

Devaneio sobre homens de meia idade

Antes de anunciar sua decisão, o juiz devaneia e faz uma comparação entre o homem e a mulher de meia idade e seus motivos para trair e ser traído.

"Alguns homens, no início da 'meia idade', já não tão viris, o corpo não mais respondendo de imediato ao comando cerebral/hormonal e o hábito de querer a mulher 'plugada' 24hs, começam a descarregar sobre elas suas frustrações, apontando celulite, chamando-as de gordas (pecado mortal) e deixando-lhes toda a culpa pelo seu pobre desempenho sexual", diz, na sentença, o juiz Paulo Mello Feijó.

Mulheres 'traem de coração', diz juiz

Em contrapartida, o juiz afirma no documento que as mulheres na fase pré-menopausa "desejam sexo com maior frequência, melhor qualidade e mais carinho - que não dure alguns minutos apenas". Mulheres nessa situação, diz o magistrado, têm dois caminhos: ou se fecham deprimidas ou "buscam o prazer em outros olhos, outros braços, outros beijos (...) e traem de coração".

Nesses casos, o pensamento é, segundo Feijó: "Meu marido não me quer, não me deseja, me acha uma 'baranga' - (azar dele!) mas o meu amante me olha com desejo, me quer - eu sou um bom violino, há que se ter um bom músico para me fazer mostrar toda a música que sou capaz de oferecer!!!!"

Sentença diz ainda: 'solene corno!'

O juiz, que cita os clássicos da literatura "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, e a Capitu de "Dom Casmurro", de Machado de Assis. Depois de expor as hipotéticas situações conjugais, Feijó conclui: "Um dia o marido relapso descobre o que outro teve a sua mulher e quer matá-lo - ou seja, aquele que tirou sua dignidade de marido, de posseiro e o transformou num solene corno!".

"Portanto, ao réu também deve ser estendido (...) perdão, porque as provas nos autos demonstraram que o autor perdoou sua esposa e agora busca vingança contra o réu, que também é vítima de si mesmo juntamente com a esposa do autor." Com isso, finalmente, o magistrado julga o pedido do marido improcedente e o processo deve ser arquivado.

O juiz não foi localizado pelo G1 até a publicação desta reportagem para falar sobre sua decisão.

...

Sem comentários.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

NÃO AMEIS À DISTÂNCIA!


EM UMA cidade há um milhão e meio de pessoas, em outra há outros milhões; e as cidades são tão longe uma da outra que nesta é verão quando naquela é inverno. Em cada uma dessas cidades há' uma pessoa; e essas pessoas tão distantes acaso pensareis que podem cultivar em segredo, como plantinha de estufa, um amor à distância?

Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falando línguas diversas; cada uma tem em torno de si uma presença constante e inumerável de olhos, vozes, notícias. Não se telefonam mais; é tão caro e demorado e tão ruim e além disso, que se diriam? Escrevem-se. Mas uma carta leva dias para chegar; ainda que venha vibrando, cálida, cheia de sentimento, quem sabe se no momento em que é lida já não poderia ter sido escrita? A carta não diz o que a outra pessoa está sentindo, diz o que sentiu na semana passada... e as semanas passam de maneira assustadora, os domingos se precipitam mal começam as noites de sábado, as segundas retornam com veemência gritando — "outra semana!", e as quartas já têm um gosto de sexta, e o abril de de-já-hoje é mudado em agosto...

Sim, há uma frase na carta cheia de calor, cheia de luz; mas a vida presente é traiçoeira e os astrônomos não dizem que muita vez ficamos como patetas a ver uma linda estrela jurando pela sua existência — e no entanto há séculos ela se apagou na escuridão do caos, sua luz é que custou a fazer a viagem? Direi que não importa a estrela em si mesma, e sim a luz que ela nos manda; e eu vos direi: amai para entendê-las!

Ao que ama o que lhe importa não é a luz nem o som, é a própria, pessoa amada mesma, o seu vero cabelo, e o vero pêlo, o osso de seu joelho, sua terna e úmida presença carnal, o imediato calor; é o de hoje, o agora, o aqui — e isso não há.

Então a outra pessoa vira retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa que a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra, imagem, um pequeno fantasma, e nada mais. E a vida de todo dia vai gastando insensivelmente a outra pessoa, hoje lhe tira um modesto fio de cabelo, amanhã apenas passa a unha de leve fazendo um traço branco na sua coxa queimada pelo sol, de súbito a outra pessoa entra em fading um sábado inteiro, está-se gastando, perdendo seu poder emissor à distância.

Cuidai amar uma pessoa, e ao fim vosso amor é um maço de cartas e fotografias no fundo de uma gaveta que se abre cada vez menos... Não ameis à distância, não ameis, não ameis!

Texto de Rubem Braga do Livro: A Traição das Elegantes

O tempo passa? Não passa

(Carlos Drummond de Andrade)

O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.

São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer a toda hora.

E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.

sábado, 10 de outubro de 2009

Modern Warfare 2 - Faltam 30 dias!

Falta exatamente um mês para o lançamento do jogo mais esperado do ano, Call of Duty - Modern Warfare 2, a Infinity Ward forneceu em seu site mais um vídeo escandaloso de legal:


O mundo inteiro espera essa luta entre Soldados e Terroristas! Estarei lá do lado dos Mocinhos!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Amigos são estradas...

Certos amigos são indispensáveis, simples como aquela estradinha de terra no interior, onde do alto da colina podemos avistá-la inteirinha, sabemos onde podemos ir e onde podemos chegar, são transparentes e confiáveis. Outros, acabaram de chegar, como estradas que só conhecemos pelo Guia, e vamos nos aventurando sem saber muito bem seus limites, é um caminho desconhecido, mas que sempre vale a pena trilhar. Tem amigos que lembram aquelas estradas vicinais, que pouco usamos, pouco vemos, mas sabemos que quando precisarmos, ela estará lá, poderemos passar e cortar caminho, mesmo distante, estão sempre em nossa memória. Por certo, também existem amigos que infelizmente, lembram aquelas estradas maravilhosas, com pistas largas e asfalto sempre novo, mas que enganam o motorista, pois são cheias de curvas perigosas, e quando você menos espera... é traído pela confiança excessiva. E existem amigos que são como aquelas estradas que desapareceram, não existem mais, mas que sempre ligam a nossa emoção até a saudade, saudade de uma paisagem, um pedaço daquela estrada, que deixou marcas profundas em nosso coração. Foram, mas ficaram impregnados em nossa alma. E na viagem da vida, que pode ser longa ou curta, amigos são mais do que estradas, são placas que indicam a direção, e naqueles momentos em que mais precisamos, por vezes são o nosso próprio chão. Lembre-se, todos precisam de amigos. Há momentos na nossa vida que nos sentiremos só, mas quem tem amigos verdadeiros nunca estará só, pois tenha certeza que tem alguém, em algum lugar que gosta de ti, e sempre gostará e estará sempre pronto a te ajuda.... Pois é sempre em tempos de dificuldades, em tempos de precisão, Naqueles momentos em que você está se sentindo triste... São exatamente nesses momentos que aparece os verdadeiros amigos...

Lembre-se sempre: o que o amigo sente por você é um amor real !

Acho que sem um amigo, perdemos muito.

Não confunda nunca um amigo com um conhecido!

Há uma grande diferença!

Enviado pela amiga: Lorena Sabino

09/10/09 Aniversário de Lennon

15 coisas para você aprender com John Lennon

Claudio R. S. Pucci - Portal Terra

John Lennon, o beatle que virou um símbolo, completaria 69 anos nesta sexta-feira, 09 de outubro. Letrista e músico de primeira qualidade, poeta e - para quem não sabe - também escritor e desenhista, Lennon era um incansável defensor da paz e desenvolveu vários libelos anti-guerra atraindo até mesmo a antipatia de Richard Nixon, que queria deportá-lo dos Estados Unidos de volta à Inglaterra, conforme visto no documentário The U.S. versus John Lennon de 2006.
Mestre em tiradas sarcásticas, ao mesmo tempo que pregava um estilo de vida alternativo, ele deixou uma série de lições, ainda atuais, 29 anos depois de sua morte. Aqui vão então 15 de suas frases mais contundentes:
1. Um sonho que você sonha sozinho é apenas um sonho. Um sonho que você sonha junto (com outras pessoas) torna-se realidade.

2. Eu acredito em Deus, mas não como uma coisa única, um velho sentado no céu. Eu acredito que o que as pessoas chamam de Deus, está dentro de cada um de nós. Eu acredito que Jesus ou Maomé ou Buda e todos os outros estavam certos. Foi só a tradução que foi feita errada.

3. Eu não acredito em matança, seja qual for a razão!

4. Se todos lutassem por paz em vez de por outro aparelho de televisão, então haveria paz.

5. Se você tentasse dar outro nome para o rock'n'roll, então ele seria Chuck Berry.

6. Se alguém pensa que paz e amor é um clichê deixado para trás no fim dos anos 60, isso é um problema. Paz e amor são eternos.

7. A vida é o que acontece quando você está ocupado fazendo planos.

8. Meu papel na sociedade, ou de qualquer artista ou poeta, é tentar expressar o que nós sentimos. Não é dizer às pessoas o que sentir. Não como um pregador ou como um líder, mas como um reflexo de nós mesmos.

9. Nossa sociedade é conduzida por pessoas insanas com objetivos insanos. E acho que estou sujeito a ser posto de lado como um insano por expressar isso. Isso é que a insanidade.

10. Rituais são importantes. Hoje em dia está na moda não ser casado. Eu não quero estar na moda.

11. O que os anos 60 fizeram foi nos mostrar as possibilidades e a responsabilidade que cada um tem que ter. Não era a resposta final. Só nos deu um vislumbre da possibilidade.

12. Quando você está se afogando não pensa "eu ficaria imensamente satisfeito se alguém tivesse a providência de notar que estou me afogando e viesse e me ajudasse". Você apenas grita.

13. Para nosso último número, quero pedir a ajuda de todos. As pessoas nos lugares mais baratos podem bater palmas? E o resto de vocês aí (nos lugares mais caros) apenas chacoalhem suas jóias.

14. Se as pessoas prestam alguma atenção naquilo que falamos, então eu digo que nós estivemos envolvidos no mundo das drogas e que não existe nada melhor do que não estar mais viciado.

15. Eu sempre considerei minha obra como uma coisa só e acho que meu trabalho só estará encerrado quando eu estiver morto e enterrado e espero que isso demore muito tempo. (N.R.: Ele falou isso numa entrevista para a rádio RKO no dia de sua morte).


TUDO QUE VOCÊ PRECISA É AMOR
(Lennon/McCartney)

Amor, amor, amor
Amor, amor, amor
Amor, amor, amor
Não há nada que você possa fazer que não foi feito
Nada que você possa cantar que não tenha sido cantado
Nada que você possa dizer mas você pode aprender o jogo
É fácil

Nada que você possa fazer que não tenha sido feito
Ninguém que você possa salvar que não tenha sido salvo
Nada que você possa fazer mas você pode aprender a fazer seu tempo
É fácil

Tudo que você precisa é amor, tudo que você precisa é amor
Tudo que você precisa é amor, amor, amor é tudo que você precisa
Amor, amor, amor, amor, amor, amor, amor, amor, amor.
Tudo que você precisa é amor, tudo que você precisa é amor
Tudo que você precisa é amor, amor, amor é tudo que você precisa

Nada que você possa conhecer que não seja conhecido
Nada que você possa ver que não tenha sido mostrado
Nenhum lugar que você possa estar que não queria Ter estado
É fácil

Tudo que você precisa é amor, tudo que você precisa é amor
Tudo que você precisa é amor, amor, amor é tudo que você precisa
Tudo que você precisa é amor (todos juntos agora)
Tudo que você precisa é amor (todo mundo)
Tudo que você precisa é amor, amor, amor é tudo que você precisa

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Eu me achava uma burra"

Entrevista de Ana Beatriz Barbosa Silva à Revista Veja.

Por: Silvia Rogar e Oscar Cabral

A psiquiatra conta como sofreu com o déficit de atenção na infância e como aprendeu a conviver com o transtorno que atinge 6% da população em idade escolar.

A psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva, 43 anos, especializou-se em traduzir para uma linguagem acessível o universo misterioso dos transtornos mentais.

Seu último livro, Mentes Perigosas, apresentou as muitas faces dos psicopatas e há 44 semanas faz parte da lista dos mais vendidos de VEJA. Ela já havia feito uma primeira incursão vitoriosa. Seu Mentes Inquietas, sobre o transtorno do déficit de atenção (TDA), vendeu 200 000 cópias e está sendo relançado. Nesta entrevista, Ana Beatriz fala de sua experiência, da importância do diagnóstico precoce e afirma que, embora não tenha cura, o transtorno permite uma vida normal e criativa.

Como a senhora descobriu que tem o transtorno do déficit de atenção?

Eu já estava no 3º ano da faculdade de medicina. Tinha 19 anos. Fui a um seminário em Chicago sobre depressão. Consegui errar tudo: cheguei um dia e uma hora atrasada para a primeira aula. Como não apareci, minha inscrição foi cancelada. A atendente da faculdade viu meu desespero e disse que eu poderia me transferir para outro curso, com início naquele dia. O professor era John Ratey, papa do déficit de atenção. Ele começou a detalhar o transtorno e pensei que estivesse falando sobre mim. Chegou a ser incômodo. Quando a aula acabou, fui atrás dele conversar sobre meu comportamento desde a infância. No dia seguinte fiz um teste que revelou que eu tinha TDA em grau grave. Ele então me disse: "Sobreviver, você já sobreviveu. Sabe se virar, frequenta uma boa faculdade. Mas você mata um leão por dia". Comecei então o tratamento.

Foi um divisor de águas. Senti-me como um míope que põe o primeiro par de óculos e percebe que o mundo é cheio de detalhes. Usei a medicação por cinco anos consecutivos. Hoje, quando escrevo um livro, volto a tomá-la no último mês. É a hora em que junto todas as informações e preciso ter mais senso crítico.

O que provoca o TDA?

A pessoa que tem o transtorno nasce com uma alteração no funcionamento do lobo frontal. Essa seção do cérebro é um maestro do comportamento humano, uma área em que se cruzam sistemas neurais ligados à razão. Entre outras ações, regula a velocidade e a quantidade de pensamentos. No TDA, esse filtro funciona com eficiência menor. O resultado é a hiperatividade mental e, consequentemente, a perda de foco, de objetividade. Quem nasce com TDA não tem problema de inteligência, mas de administrar o tempo, fixar a atenção, dar continuidade ao que inicia. O transtorno é muito mais comum do que se imaginava. Segundo a Associação de Psiquiatria Americana, 6% da população em idade escolar tem esse padrão de funcionamento mental nos Estados Unidos. No Brasil, as pesquisas apontam uma média próxima a essa.

O que provoca essa alteração do funcionamento do cérebro?

É um transtorno químico, causado pela baixa de dois neurotrasmissores: a dopamina e a noradrenalina. Essa alteração diminui a ação filtrante do lobo frontal. A genética já mostrou ter papel importante, mas fatores externos acabam interferindo na evolução do transtorno. Se não é cercada por uma organização mínima, a pessoa pode ter sérios prejuízos em sua qualidade de vida.

Como o transtorno interferiu em sua trajetória pessoal?

Sempre achei que havia algo errado comigo. Na escola, tinha horror a ditado. Meu coração disparava: sabia que precisava prestar atenção ao que a professora dizia e, simultaneamente, observar se não estava cometendo erros ao escrever. Nessas horas, eu me sentia a criança mais burra da sala. Fora do colégio, também sofria. Uma vez meu pai, que é professor, corrigiu tanto meu diário que botei fogo nas páginas depois. Vivia com as pernas roxas de tanto cair e bater nos móveis. Meu armário era uma bagunça absurda. Tenho uma irmã cinco anos mais velha, centrada, organizada. Durante muito tempo, dei a ela parte da minha mesada para que arrumasse meu armário. Todas as vezes que minha mãe reclamava comigo, eu concordava, entendia que ela tinha razão. Mas eu não sabia como tudo isso acontecia. No início da adolescência, bateu uma vontade enorme de mudar. Eu era uma criança falante e me fechei. Fiquei retraída, quietinha, para não errar. Vivia no meu quarto, lendo. Isso foi dos 12 aos 16 anos. Na infância me chamavam de pinga-fogo, porque eu não parava. Na adolescência, quando me tranquei, virei Bia Sid (de sideral). Às vezes, achava que era burra. Por outro lado, sabia que tinha conhecimento e imaginação. Acabava o dia com dor de cabeça de tanto pensar. Era uma angústia.

Mas a senhora hoje é uma psiquiatra bem-sucedida. Como conseguiu isso?

O diagnóstico foi libertador. Passei a me observar. Com a medicação, comecei a fazer mais rápido o que antes demandava muito esforço. Foquei na psiquiatria. No meu trabalho, nada me escapa hoje. Tenho um filme na cabeça sobre cada paciente. Quem tem TDA presta uma atenção acima da média naquilo que desperta seu interesse verdadeiro. É o que a gente chama de hiperfoco. Por isso, acho injusto falar de déficit de atenção. O que existe é uma atenção instável.

O menino com TDA pode sofrer na escola, mas desenhar muito bem ou tocar piano de ouvido, se essa for a sua paixão. Por isso, é fundamental que os pais descubram os talentos do filho e o estimulem a fazer aquilo de que realmente gosta. Para quem tem TDA, isso funciona como remédio.

Como sua família enfrentou o problema?

Minha mãe creditava meu comportamento a falhas do método pelo qual fui alfabetizada. Meu pai achava que era preguiça. Mas eles eram compreensivos, porque sabiam que eu não fazia nada de propósito e era honesta, sincera, assumia os erros. Voei de bicicleta no carro do vizinho e meu pai pagou o conserto sem reclamar. Quando eles buscaram um diagnóstico para meu comportamento, os médicos disseram que eu tinha uma disritmia e me passaram um remédio. Devido à sonolência que causou, parei logo de tomar essa medicação. Ainda bem.

Por natureza, as crianças costumam ser agitadas e inquietas. Quando os pais devem desconfiar que o filho sofre do transtorno?

Na infância, desatenção e impulsividade são normais. Mas, em geral, estão relacionadas a algum motivo específico: porque a criança dormiu mal, está preocupada com alguma coisa, apaixonou-se pela primeira vez. O que acontece é que uma criança com TDA tem esse comportamento de maneira constante e mais intensa. Ela já nasce com o cérebro funcionando dessa maneira e, antes dos 7 anos, é possível perceber isso. Na infância, existe uma profusão de sintomas – e não são notas baixas. O lençol não para na cama porque a criança se mexe demais durante a noite. Também pode falar dormindo. Os professores mandam recados dizendo que aquele aluno é extremamente inteligente, mas isso não se traduz nas avaliações. A criança também é excluída das brincadeiras na escola, porque tem dificuldade de esperar a vez nos jogos em grupo e manter a atenção nas tarefas. Olhar a agenda e os cadernos também ajuda muito: eles refletem a organização do pensamento e como a criança anota as observações que professores fazem durante as aulas. A condição fundamental para o diagnóstico de TDA é a hiperatividade mental. Ninguém adquire TDA ao longo da vida. Quem tem o transtorno já nasceu com esse tipo de funcionamento cerebral. É o histórico que leva ao diagnóstico preciso.

Como foi sua vida escolar?

Nunca repeti ano. Conseguia passar nas provas finais ou na recuperação. Nessa hora, meus pais assumiam uma função, digamos, mais executiva. Eles me ajudavam a me organizar, e aí eu estudava como louca. Quando existe planejamento, vai tudo bem com a pessoa que tem TDA.

O que a senhora aconselha a quem descobre que o filho tem TDA?

A primeira coisa é ver o grau de sofrimento dessa criança, o nível de desconforto. É preciso ir à escola conversar com professores, ouvir a babá. A partir daí, dar oportunidade à própria criança para que ajude no tratamento, participe. Tenho um paciente que enlouquecia a família. Depois de usar medicação por dois anos e ter uma melhora estupenda, ele disse: "Já tenho noção de como é meu cérebro funcionando da maneira que tem de ser e queria parar de tomar o remédio, tentar do meu jeitinho". Ele ganhou uma percepção de seu comportamento. Outra coisa que os pais devem entender é que ser justo em questão educacional não é tratar os filhos todos da mesma maneira. Eles têm de ver o que cada um precisa. No caso do TDA, é fundamental dar ênfase à disciplina. Inclusive com a mesada. Como ele tende a gastar tudo de uma vez, o dinheiro tem de ser liberado aos poucos, para criar um limite e cumpri-lo. Com meus pacientes, por exemplo, costumo assinar um contrato toda vez que quero alguma coisa. Sempre funciona.

A senhora conta a seus pacientes no consultório que tem TDA?

Sim, e principalmente as crianças ficam muito aliviadas. Outro dia atendi um paciente que batia a cabeça na parede. A mãe pensou que o filho estivesse louco. E eu disse a ele: "É para tentar parar o excesso de pensamento, né? A cabeça pesa mesmo, mas não é assim que vai melhorar". Ele ficou impressionado porque eu entendia exatamente o que ele estava sentindo. No livro, publiquei experiências minhas com nomes trocados. Como as da estudante de fonoaudiologia que achava que tinha alguma falha de caráter porque se distraía nas aulas, pegava cadernos emprestados com amigas, tirava notas boas e se achava uma fraude.

Quais são as tendências mais modernas no tratamento do transtorno?

Antes, só existia o metilfenidato (a Ritalina). Mas 15% dos pacientes não respondem bem a ele. É uma substância que surte efeito quando a desorganização e a falta de foco são os fatores que mais atrapalham a vida. Ao longo desta década, a bupropiona, substância usada no tratamento para parar de fumar, mostrou-se muito eficiente também para TDA. A atomoxetina, um tipo de antidepressivo, também passou a ser usada – principalmente nos casos em que depressão e ansiedade se manifestam junto. Costumo dizer que a melhor medicação é a eficaz com a menor dose. Mesmo no tratamento de adultos, começo com dose de criança. E avalio o tratamento complementar necessário. A terapia cognitivo-comportamental tem-se mostrado muito eficaz.

Existe prescrição exagerada de medicamentos hoje?

Sim. Não se deve prescrever remédio de TDA em um momento de desatenção ou para aumentar a concentração no ano de vestibular, por exemplo. O excesso de informação pode levar o cérebro à exaustão, e a pessoa fica sujeita a distrações, falhas de memória. Mas isso é fruto de uma sobrecarga circunstancial. Quando acaba, os sintomas desaparecem. O que acontece é que, por desinformação, alguns pais solicitam a medicação antes de uma investigação cuidadosa sobre o funcionamento mental do filho. Em quem não tem TDA, o remédio cria um efeito falso, dá apenas vigor numa situação de cansaço extremo.

TDA tem cura?

Não tem cura, mas há grandes chances de um final feliz. No momento em que você entende sua engrenagem, passa a dominá-la em vez de ser dominado por ela. Aí pode até levar vantagens. O excesso de pensamento – que causa exaustão, desorganização e esquecimento – também traz ideias. Existem ideias boas e más. O grande aliado de quem sofre de TDA é um caderninho. Em qualquer lugar, eu anoto pensamentos que já deram origem a capítulos de livros. Mesmo para ideias sem sentido, é vital ter organização. Dali pode sair algo realmente inovador.

POBREssores!

Enquanto o Congresso e Casas Legislativas de todo Brasil aumentam seus salários a valores exorbitantes, o professor brasileiro, responsável pela criação, pela ética e educação do povo recebe uma merreca, é por essas e outras que não voto mais em deputado, senador e vereador, para eu não me arrepender depois ao assistir a bandidagem pela tv.

Meu amigo, agora "Dr.", Bernard, me enviou esse texto ontem, que repasso para vocês, pensem bem antes de votar ano que vem, na dúvida (que é uma certeza), na hora do seu voto, ANULE-O!

TROQUE UM PARLAMENTAR CORRUPTO POR 344 PROFESSORES

Prezado amigo!

Sou professor de Física, de ensino médio de uma escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: R$650,00. Eu fico com vergonha até de dizer, mas meu salário é R$650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais que outros colegas de profissão que não possuem um curso superior como eu e recebem minguados R$440,00. Será que alguém acha que, com um salário assim, a rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar?

Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende, o Governo faz de conta que paga e a escola aprova o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade! Sinceramente, eu leciono porque sou um idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social. Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro!

Descobri que um parlamentar brasileiro custa para o país R$10,2 milhões por ano.

São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$11.545.

Na Itália,são gastos com parlamentares R$3,9 milhões, na França, pouco mais de R$2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850 mil e na vizinha, Argentina,R$1,3 milhões.

Trocando em miúdos, um parlamentar custa ao país, por baixo, 688 professores com curso superior !

Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema será:

"TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES".

COMO VOCE VAI VOTAR DEPOIS DE LER ESTA MATÉRIA??

REPASSEM, EU JÁ ADERI À CAMPANHA!

ANULE SEU VOTO. É A ÚNICA MANEIRA DE MOSTRAR NOSSA INSATISFAÇÃO COM ESSA CORJA DE BRASÍLIA.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Quando leio Rubem Braga volto a ser um menino.

Lendo Rubem Braga, volto no tempo, lembro das minhas peraltices, da turma do morro amarrando linha de nylon - que meu pai usava para pesca - de uma árvore a outra na descida da ladeira da Rua Eduardo Gomes, haviam várias árvores de um lado e do outro das calçadas, fazendo pares. Ali, de noite, juntávamos para armar uma arapuca que não tinhamos idéia do perigo que era para os pedestres e motoqueiros que desciam em direção ao Tiro de Guerra.

Eu, era o responsável pelo armamento, ia nas coisas de pesca do meu pai e tirava de lá um carretel de linha de nylon, não sei qual era pior, ou a mais fina ou a mais grossa, mas não escolhia, pegava a primeira que aparecia.

Ficava todo mundo esperando eu chegar, então eu começava a passar a linha de uma árvore a outra várias vezes e toda rua parecia uma teia de aranha preparada para apanhar sua presa, as folhas das árvores cobriam as luzes dos postes que naquela época não tinham o poder de iluminação que possuem hoje, a linha ficava quase que invisível.

Arapuca armada, corríamos todos para o terreno ao lado, na época servia de depósito de lixo para todas as casas da redondeza, do lado da minha casa havia uma árvore enorme, ali era nosso esconderijo. Subíamos todos e ficávamos como morcegos encolhidos escondidos das luzes. Alguns arriscavam esperar na esquina para ver se aproximar a próxima vítima, para depois saírem correndo para tentar subir a árvore-esconderijo.

Quando era um carro, sentíamos como se fosse uma derrota, pois facilmente passaria pela nossa barragem de nylon, quando era moto ou alguém descendo a pé, era diversão garantida, sabíamos do poder que nossa arma possuía era de parar até um cavalo de corrida.

Ficávamos então em silêncio, ouvindo o barulho dos motores ou dos sapatos, de repente, aquele estalar e um berro, sempre um palavrão que ninguém gostaria de ouvir, principalmente a Dona Marilza que era a dona da casa onde ficavam as árvores e criava suas filhas como santinhas.

Assim que ouvíamos o estalar da linha e os gritos, nos segurávamos para não dar sopa para as vítimas, era necessário segurar a risada até os boca-suja irem embora sem nada fazer.

Depois, risada total, e corríamos para ver o resultado e ainda tinha que ter calma para armar a arapuca novamente, era nossa diversão. Não me lembro bem da altura que amarrávamos as linhas, mas criança sempre não tem noção do que está fazendo, penso hoje, que se tivéssemos amarrado as linhas um pouco mais alto, aquele moço que desceu o Penha correndo parecendo o Usain Bolt talvez não tivesse fôlego e nem garganta para gritar o mais alto FILHO DA PUTA que eu já ouvi em toda minha vida!

Com vocês ... Rubem Braga:

A VINGANÇA DE UMA TEIXEIRA
Do livro: A Traição das Elegantes

A TROCA da bola de meia para a bola de borracha foi uma importante evolução técnica do association em nossa rua. Nossa primeira bola de borracha era branca è pequena; um dia, entretanto, apareceu um menino com uma bola maior, de várias cores, belíssima, uma grande bola que seus pais haviam trazido do Rio de Janeiro. Um deslumbramento; dava até pena de chutar. Admiramo-la em silêncio; ela passou de mão em mão; jamais nenhum de nós tinha visto coisa tão linda.

Era natural que as Teixeiras não gostassem quando essa bola partiu uma vidraça. Nós todos sentimos que acontecera algo de terrível. Alguns meninos correram; outros ficaram a certa distância da janela, olhando, trêmulos, mas apesar de tudo dispostos a enfrentar a catástrofe. Apareceu logo uma das Teixeiras, e gritou várias descomposturas. Ficamos todos imóveis, calados, ouvindo, sucumbidos. Ela apanhou a bola e sumiu para dentro de casa. Voltou logo depois e, em nossa frente, executou o castigo terrível: com um grande canivete preto furou a bola, depois cortou-a em duas metades e jogou-a à rua. Nunca nenhum de nós teria podido imaginar um ato de maldade tão revoltante. Choramos de raiva; apareceram mais duas Teixeiras que davam gritos e ameaçavam descer para nos puxar as orelhas. Fugimos.

A reunião foi junto do cajueiro do morro. Nossa primeira idéia de vingança foi quebrar outras vidraças a pedradas. Alguém teve um plano mais engenhoso: dali mesmo, do alto do morro, podíamos quebrar as vidraças com atiradeiras, e assim ninguém nos veria. — Mas elas vão logo dizer que fomos nós!

Alguém informou que as Teixeiras iam todas no dia seguinte para uma festa na fazenda, um casamento ou coisa que o valha. O plano de assalto à casa foi traçado por mim. A casa das Teixeiras dava os fundos para o rio e uma vez, em que passeava de canoa, pescando aqui e ali, eu entrara em seu quintal para roubar carambolas. Havia um cachorro, mas era nosso conhecido, fácil de enganar.

Falou-se muito tempo dos ladrões que tinham arrombado a porta da cozinha da casa das Teixeiras. Um cabo de polícia esteve lá, mas não chegou a nenhuma conclusão. Os ladrões tinham roubado um anel sem muito valor, mas de grande estimação, com monograma, e tinham feito uma desordem tremenda na casa; havia vestidos espalhados pelo chão, um tinteiro e uma caixa de pó-de-arroz entornados em um quarto, sobre uma cama. Falou-se que tinha desaparecido dinheiro, mas era mentira; lembro-me vagamente de uma faca de cozinha, um martelo, uma lata de goiabada; isso foi todo o nosso botim.

O anel foi enterrado em algum lugar no alto do morro; mas alguns dias depois caiu um temporal e houve forte enxurrada; jamais conseguimos encontrar o nosso tesouro secretíssimo, e rasgamos o mapa que havíamos desenhado.

Durante algum tempo as famílias da rua fecharam com mais cuidado as portas e janelas, alguns pais de família saltaram assustados da cama a qualquer ruído, com medo dos ladrões; mas eles não apareceram mais.

Nosso terrível segredo nos deu um grande sentimento de importância, mas nunca mais jogamos futebol diante da casa das Teixeiras. Deixamos de cumprimentar a que abrira a bola com o canivete; mesmo anos depois, já grandes, não lhe dávamos sequer bom-dia. Não sei se foi feliz na existência, e espero que não; se foi, é porque praga de menino não tem força nenhuma.