(Alex Cardoso)
Sonho em encontrar um dia aquele ou aquela a quem exaltei palavras esdrúxulas e que num momento de impulsão, raiva, dor, revolta, ira, de maneira nenhuma davam lugar para algo mais sensato, valoroso, encantado, algo que pudesse sair do meu verdadeiro eu, da minha alma.
Sonho em ter um pequeno tempo, uns três segundos apenas, para em silêncio, com o mundo em nossa volta parado, quieto, eu pudesse dizer pausada e separadamente des-cul-pa.
Sonho em saber que um dia todas as pessoas por quem fui rude, grosso, maldoso, um diabo, pudesse entender que no fundo, no fundo, tudo aquilo era uma forma de eu não sair por baixo, apesar de estar saindo por cima, mas não ter a mínima idéia disso devido ao meu comportamento impulsivo e temperamental.
Sonho em ouvir novamente que eu era o melhor amigo, o melhor amado, o mais engraçado e empolgante, sonho estar de novo na memória daquelas pessoas que tanto me amaram e tão rapidamente passaram a me odiar inconsequentemente.
Sonho em morrer rodeado de desejos bons, de lágrimas de saudade, de ter amigos disputando a alça do meu caixão, de ter rosas, bandeiras, homenagens, pelo menos em minha morte, por que em vida, nesta selva de ambições, traições e tantos outros sentimentos, sou uma dúvida de mim mesmo, um sonhador sonhando em ser sonho para alguém.