terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um "ÁS" Alemão em SC

Martin Drewes
Major
ZG76, NJG3 e NJG1
235 missões de combate, 52 vitórias (43 à noite, 50 quadrimotores)
Prisioneiro de Guerra


"A primeira vítima de uma guerra é a verdade. Os fatos passam a ser
contados do ponto de vista do vencedor. O tratamento dado pelos 
aliados à Alemanha não foi justo e tudo se tornou muito difícil."

Martin Drewes

Nascido em 20 de outubro de 1918 num pequeno povoado com 650 habitantes chamado Wolfsburg, próximo a Hannover, Martin Drewes estava destinado a se tornar um dos grandes ases da caça noturna, tornando-se, para muitos a síntese dos jovens pilotos de caça com seu otimismo, energia e agressividade. Ironicamente, como vários outros ases de seu tempo, ele não iniciou sua carreira militar na Luftwaffe.

Pouco após completar seu 19º aniversário, Drewes juntou-se originalmente ao Exército Alemão, sendo integrado no 6º Regimento de Carros Blindados (Panzer Regiment 6) como Fahnenjunker em 02.11.1937. Lá recebeu um treinamento básico e depois foi designado para uma escola de oficiais em Munique. Após a conclusão do curso de cadete, ele foi promovido a Leutnant, e um mês depois, transferido para a Luftwaffe.

Seu primeiro dia de treinamento na Luftwaffe foi uma data célebre, 1º de setembro de 1939, o primeiro dia da Segunda Guerra Mundial. Enquanto a Alemanha invadia a Polônia, Drewes se preparava para vôos mais altos. O treinamento da Luftwaffe era intenso e tinha uma particularidade em relação aos treinamentos de hoje. A experiência do piloto era medida em pousos e decolagens, ao contrário dos atuais treinamentos em que o referencial são horas de vôos. Após 60 pousos e decolagens, o candidato poderia fazer seu primeiro vôo solo. 

Até 30.04.1940, Drewes freqüentou a Flugzeugfuhrerschule (escola de Pilotagem) sediada em Havel, recebendo treinamento em técnicas de caça, sendo que encerraria seu treinamento em fevereiro de 1941, na Zerstörerschule (Escola de Caças Pesados) em Schleissheim. No dia 09 de fevereiro de 1941 Drewes foi designado para servir no o II Gruppe da Zerstörergeschwader 76 (II./ZG 76), sediado em JeverWittmundhafen.

Suas primeiras missões de combate foram de escoltar os navios do Reich pelo Canal da Mancha. A denominação de seu gruppe era "Haifischgruppe". Desejava o batismo de guerra, ansiedade própria dos recém formados. Mas as ordens eram claras: a prioridade era a segurança dos navios. Até então nenhum embate, nenhum tiro, nenhum avião abatido. O Oriente Médio esperava, para ser o cenário de sua primeira luta nos céus. 

Entre maio e junho de 1941, Drewes lutou em uma das unidades menos conhecidas da Luftwaffe: o Sonderkommando Junck. Esta unidade combateu no Oriente Médio, contra os britânicos, principalmente nos céus da Síria e Iraque.

No dia 20.05.1941, numa das muitas operações no deserto, Drewes deparou-se com um biplano Gloster Gladiator da RAF, atirou e, depois de um combate complicado, atingiu-o. "Ele entrou em chamas, mas vi que conseguiu aterrissar e seus tripulantes saíram correndo; não atirei mais". Este foi seu batismo de fogo e a primeira das muitas batalhas que viriam.

Ainda no Iraque, em mais uma missão, avistou um avião inglês aterrissado no deserto, ao lado de um caminhão. "Parecia estar abastecendo; sobrevoei metralhando para que ele não pudesse mais levantar vôo". Ledo engano, sob a capota do caminhão havia uma bateria de metralhadoras que responderam às rajadas e o acertaram. Fez um pouso forçado no deserto e foi encontrado por tropas iraquianas pró-eixo. Permanecendo pouco tempo nesta região, entre julho e outubro do mesmo ano, ele retornou ao II./ZG 76, passando a operar a partir de De Kooy, nos Países Baixos. 
Sobre a invasão alemã na URSS, que alguns definem como o grande erro de Hitler, num caminho já palmilhado por Napoleão, Drewes dá uma informação inusitada, mas com verossimilhança e lógica. "A invasão da Rússia foi um ato defensivo. Se a Alemanha não invadisse, seria invadida". Para corroborar sua afirmação, cita o livro "Der Tag M" (Viktor Suwo row, Stuttgart 1995). O livro, que é uma coletânea de informações que emergiram depois da queda do muro de Berlim cita, entre outras, que as tropas russas encontradas na invasão de seu território dispunham de veículos dotados de pneus próprios para as autobahns alemãs, o quê, segundo Drewes, denunciava a intenção dos soviéticos.

Promovido a Oberleutnant em 01.11.1941, Drewes transferiu-se para a recém criada Nachtjager (Força de Caças Noturnos) após um breve período de adaptação às novas táticas de combate, sendo integrado ao 9º Staffel da Nachtjagdgeschwader 3 (9./NJG 3), sob comando do legendário Helmut Lent. Logo, suas habilidades seriam postas à prova, quando, em janeiro de 1942, Drewes esteve envolvido na Operação "Donnerkeil-Cerberus". Esta missão, planejada por Adolf Galland, consistiu na evacuação de três grandes navios de guerra alemães (os encouraçados Scharnhorst e Gneisenau e o cruzador pesado Prinz Eugen)

do porto de Brest (França) para a Noruega, o que implicaria em uma "corrida" pelo Canal da Mancha, infestado de aviões da RAF, que poderiam fazer em pedaços as belonaves germânicas. Drewes e sua unidade, compuseram parte da cobertura aérea feita durante todas as noites entre 11 e 13.02.1942. Os britânicos perderiam 60 aviões na tentativa frustrada de atingir os navios.

Após este feito, Drewes permaneceria algum tempo na Noruega, como parte de uma unidade de caças noturnos designada para proteger o encouraçado Tirpitz, então escondido em um fiorde daquele país. Retornando à Europa Central, ele continuaria a efetuar missões de interceptação contra as crescentes formações de bombardeiros noturnos da RAF, sendo que o seu número de vitórias foi aumentando de forma gradual e consistente durante o resto daquele ano. Em fevereiro de 1943, Drewes tornou-se Staffelkapitän do 7./NJG 3, sediada em Copenhagen, Dinamarca, operando os Messerschmitt Bf 110 guiados por radares terrestres "Wuerzburg".

Martin Drewes permaneceria pouco tempo na Dinamarca, sendo transferido para o IV./NJG 1, sediado em Leeuwarden, Holanda em junho de 1943; a partir de 15.08 daquele ano, foi designado para atuar como Staffelkapitän do 11./NJG1. Nesta Geschwader ele sempre foi conhecido pelos seus amigos (entre eles Heinz Schnaufer e Hans-Joachim Jabs), como um dos mais espirituosos e bem humorados pilotos daquela unidade. O Oberleutnant Drewes foi condecorado com a Cruz Alemã em 24.2.1944 e nesse mesmo mês passou a Kommandeur do III Gruppe - função que desempenharia até o final do conflito. Promovido a Hauptmann em 01.04.1944, Drewes também foi agraciado com o Troféu de Honra da Luftwaffe um mês depois.

Na noite de 20-21.07.1944, durante uma missão noturna sobre Tubbergen (na fronteira da Alemanha com a Holanda), na qual abateu dois bombardeiros Lancasters da RAF, o avião de Drewes foi atingido pelos destroços de uma de suas vítimas, que explodiu logo acima de seu avião. Ele foi ferido, mas conseguiu abandonar seu Bf 110, assim como sua tripulação (o rádio operador Oberfeldwebel Petz e o artilheiro Feldwebel Handke). Isto faria com que o jovem Hauptmann permanecesse algum tempo afastado das missões de combate.

Por estas conquistas, que se tornaram as 47ª e 48ª vitórias confirmadas, Martin Drewes foi condecorado com a Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro. Promovido a Major em 01.12.1944, ele voaria sua última bem sucedida missão na guerra na noite de 3-4 de março de 1945, quando alcançou sua 52ª vitória confirmada. Devido aos seus feitos pessoais e sua liderança inspirada do III./NJG 1, em 17 de abril 1945 Martin Drewes foi comunicado por um telegrama pessoal de Adolf Hitler, que ele havia se tornado o 839º soldado da Wehrmacht a ser agraciado com as Folhas de Carvalho da Cruz de Cavaleiro.

A guerra acabou para Drewes com a rendição de toda a NJG1 para as forças aliadas em 05 de maio de 1945. Após um período em cativeiro aliado, Drewes foi libertado e decidiu reconstruir sua vida na América do Sul, emigrando para o Brasil em 1949, onde vive até os dias de hoje, desfrutando uma tranqüila aposentadoria no Estado de Santa Catarina, sendo que ainda hoje demonstra a mesma simpatia e educação de sua juventude.

Um convidado freqüente de reuniões de veteranos e outros encontros históricos na Europa, o Major Martin Drewes voou 235 missões em combate (17 enquanto servia no Iraque), durante as quais atingiu a marca de 52 vitórias, sendo 50 quadrimotores (7 norte-americanos de dia) e 43 britânicos à noite) e dois caças. 

Martin Drewes é homenageado por militar brasileiro da Aeronáutica
no Encontro de Plastimodelismo em São Paulo - Nov - 2010



"Hoje em dia as armas mortíferas foram ainda mais desenvolvidas,
as velocidades se multiplicaram. Aviões e corpos voadores oferecem
novas possibilidades de ataque ou defesa. Mas uma coisa não mudou: a necessidade permanente de avaliar a situação e tomar uma decisão!"


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