(Alex Cardoso)
fome da vida, da gargalhada,
Sinto fome, do entardecer, da passarada,
da brincadeira, da tarde dormida.
Sinto fome,
fome de poder entrar, pedir, comprar,
pagar sem dever, sem pensar, sem me endividar,
Sinto fome de querer, de acontecer,
de poder evitar, ou então, deixar pra lá.
Sinto fome,
fome do colo do pai, da mãe,
até mesmo fome, muita fome de um abraço no cão,
afago no gato, no pato, no macaco, em um bicho qualquer.
Sinto fome,
fome de ser eu mesmo, de trabalhar com algo que eu saiba,
saber fazer, fome de ter capacidade, fome de não errar,
de não se preocupar com algo que não sei e me emocionar
ao terminar algo que faço bem.
Sinto fome,
das amizades, da conversa no olho, no toque de mão,
Sinto fome de visitar alguém, abraçar, beijar, sentir,
ir de encontro, esquecer o monitor e o teclado e ver
que é fantástico a vida de verdade.
Sinto fome,
fome do mundo que eu imaginava para mim,
e por causa da minha fome, por ter sido faminto de sonhos,
me tornei um obeso de luta, de guerra, meus sonhos me imobilizaram,
a gula foi grande, me deixou parado me alimentando de algo que só
existira nos meus pensamentos.
Sinto fome,
de ter começado tudo de novo,
de maneira totalmente diferente.
Alguém, por favor, pode me servir um MC LANCHE FELIZ?