quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Meu carnaval foi ótimo ... preso dentro de casa.

Meu carnaval foi ótimo! Preso dentro de casa.

Eu e minha esposa saímos na sexta rumo à Marataízes, balneário distante 40 km de Cachoeiro. Chegamos por volta de 1h da manhã pois ao chegarmos na casa da praia esquecemos a pizza em cima do fogão e a carne no freezer, então voltamos à Cachoeiro e retornamos à Marataízes novamente, algo já parecia estar dizendo que ia ter alguma coisa errada. No sábado, Míriam notou que esqueceu o secador de cabelo, pensei: "Vamos ter que voltar de novo". Mas conseguimos comprar um secador de cabelos na farmácia próxima de casa no dia seguinte. Sábado foi bom, a rua cheia, praia legal, almoço no restaurante, dormindo tarde pra acordar bem tarde no domingo né?

Bem, não foi bem assim. Às 7:45h da manhã de domingo, um grito gigantesco de "ACORDA" nos despertou, parecia que um desgraçado tinha entrado dentro da minha casa e gritado no meu ouvido com um megafone. Mas não, era o vizinho da frente, que alugou a casa e colocou o carro com a traseira virada pra nossa janela, e esse sim era o verdadeiro desgraçado, um sem-educação e sem noção que colocou aquela porcaria aquele horário. Tem certos tipos de turistas que fazem tudo que não podem fazer de onde eles vem, e extravasam sua falta de educação nesses lugares que eles devem achar que por estarem pagando tem direito de fazer o que quiser,  do jeito que quiser. Tudo bem, primeiro dia, eles devem ter chegado empolgados, não levei a sério, levantei, fui à padaria, comprei o pão e o jornal e o domingo continuou.

Esse carnaval estava quente, não ventou tanto e só na beira-mar estava mais fresco, por dentro das ruas o calor estava forte. Quando vamos para a Marataízes, eu coloco umas cadeiras de praia na varanda e fico assistindo dali a tv que fica na sala, mas esse ano foi diferente, os vizinhos, os turistas funkeiros, os desgraçados, colocaram o som do carro deles a tarde toda tocando essa porcaria de som chamado de funk que errôneamente chamam de música. E quando a bateria do Palio Weekend dos miseráveis arriava, tinha um Golf de reserva pra atentar a rua toda.

Resultado: tivemos que colocar a TV dentro de um quarto lá nos fundos da casa, e ali ficamos o domingo todo, tentando ouvir tv porque o som batia nos fundos da casa e se propagava numa altura imensa. Eu estava me sentindo num BBB sem câmeras, mas adoraria que aqueles miseráveis olhassem só um minuto a situação que nos encontrávamos para ver se eles tinham um mínimo de sensibilidade com o próximo. Mas para quem ouve funk, acho que cultura e educação são quesitos que não fazem tanta importância na sua vida.

Bom, uma hora o som tem que parar, e parava só na hora que esses putos dormiam, então a gente conseguia dormir, e na hora que eles acordavam, por volta de 8h da manhã, tinhamos que acordar também, porque novamente eles colocavam aquele grito de "acorda" para a vizinhança toda ouvir. 

Polícia.

Foi aí que perdi a esportiva e na mesma hora liguei do celular para o 190, educadamente dei bom dia para a autoridade que me atendeu e perguntei sobre uma lei municipal que impedia o som dos automóveis na cidade, e me interrompendo ouvi a voz dizer:

"Porra meu irmão, você me liga essa hora da manhã pra me encher o saco por causa de som" ...

e desligou na minha cara.

Ou seja, o cidadão de bem, o cidadão que quer amparo da autoridade, que pensa que o poder de polícia é para protegê-lo ouve da própria polícia que não é para encher o saco dele! 

Me senti um "merda", uma "titica", um "impotente".

E durante a tarde de segunda-feira, o funk rolou solto, bem alto, com a TV no último volume dentro do quarto dos fundos, um calor de matar, dois ventiladores ligados, aquilo foi me dando uma claustrofobia, decidi ir até a rua conversar com os policiais, quando chegamos na pracinha eu e minha esposa fomos perguntar aos policiais sobre o que fazer, eles disseram que estão passando nas ruas (não sei quais!) e que se os carros estiverem dentro de casa, eles não podem fazer nada! IMPRESSIONANTE!

Voltamos para casa, a rua estava tomada de funkeiros, nossa calçada era o barzinho, onde as garrafas de bebida ficavam apoiadas, de um lado os brutamontes mineiros bêbados e sem educação (Funkeiros) de outro as mulheres, rebolando até o chão, dando um show de vulgaridade. Tudo bem é carnaval, é época de vulgarizar mesmo, mas tudo  tem limite.

E não venham dizer que "quem quer descansar que fique em casa", isso só existe quando não tem educação e uma polícia ativa colocando ordem e impondo a lei, e na falta dessa, impondo um mínimo de noção na cabeça desses animais que vem de fora e acham que porque estão pagando podem fazer o que quiserem.

Às 22h da noite, quando não aguentava mais, decidi juntar as tralhas e ir embora, deixei o carnaval para trás, a praia e os amigos, a carne que tinhamos voltado para buscar na sexta para assar, voltou congelada como o meu coração, mas minha cabeça estava quente, não suportava pensar que estava voltando derrotado para casa.

A impressão que fica é que estamos vivendo num mundo onde não há respeito, estamos vivendo na era "dos incomodados que se mudem", ninguém fez nada, eu não fiz, a pessoa que alugou a casa para o bando de animais não fez, os vizinhos nada fizeram, por que? Por medo! Por que hoje quando usamos nossas palavras para pedirmos um favor podemos tomar um tiro como resposta, e do jeito que aquelas pessoas aparentavam, ouvindo aquele som horroroso, demonstrando não ter educação nenhuma para com o próximo, ficamos com medo.

E a polícia, que era nossa única esperança, esperança de ver o jogo virar, de ver alguém falar por nós, proteger o cidadão da falta de respeito, a própria polícia hora nos humilha no telefone e hora nos abandona e nos faz tomar decisões que nos deixam frustrados e desanimados com o futuro que nos espera. E a velha frase ainda vive:

"Estamos presos dentro de casa, e os bandidos estão soltos na rua".

Era essa a visão, toda vizinhança presa dentro de casa, e os bandidos funkeiros soltos na rua.

Saímos da casa pensando em vendê-la, em nunca mais voltar, medo de voltar no próximo ano e encontrar algo parecido ou bem pior, talvez ir para as montanhas, mas não pensamos hora nenhuma: "O mundo vai mudar para a melhor". Porque do jeito que as coisas estão, só pensamos que uma hora tudo vai acabar! Não é possível que o mundo continue desse jeito, o MAL imperando sobre o BEM!

Está faltando uma autoridade maior guiar a humanidade, e essa autoridade é a esperança de milhões no mundo todo!