segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Escolha Inteligente

Gentilmente cedido pelo autor.


“Escolha Inteligente”

Um certo dia, uma criança acordou de manhã e ficou alguns minutos a mais na cama pensando. Na noite anterior, como em outras oportunidades, tinha visto cenas de violência na televisão e tinha escutado seus pais reclamarem disso ou daquilo, da política, da economia... Como todos os dias, os assuntos eram os mesmos e a tristeza e o inconformismo deles se repetia sempre. No entanto, nada mudava; no dia seguinte seria a mesma história.

Mas aquela noite tinha sido diferente; seu sonho foi diferente. Ou será que não foi um sonho? Não sabia, mas o fato é que se lembrava de todos os detalhes.

– Quem é você? – perguntou.

– As pessoas me chamam dos mais variados nomes, mas o fato é que sou aquela voz interior que sempre diz alguma coisa para você.

– Você é o anjo da guarda? Minha mãe sempre fala para pedir ajuda para você e que você irá me ajudar falando comigo. – indagou novamente o menino.

– Pode ser – respondeu o outro, rindo – esse é um nome que gosto. Mas vejo que alguma coisa tem perturbado você – continuou já mais sério.

– Sim. – exitou um pouco a criança antes de continuar – Eu sempre escuto que as pessoas precisam fazer o bem para serem felizes. Mas meus pais sempre reclamam da política, da economia, e mais de tanta coisa. E depois eu vejo na televisão tanta coisa triste, violência. Eu não entendo.

– É verdade, é difícil mesmo de entender. Mas então eu pergunto: depois de ver tudo isso, é possível ser feliz?

– Não, não acho – respondeu a criança.

– Exatamente! Não é possível porque o que você vê são atitudes egoístas. Pessoas que só querem tirar umas das outras. Nenhuma delas faz o seu melhor para ajudar o outro. Sempre que fazem alguma coisa é para levar alguma vantagem. E aí só gera mais infelicidade.

– E como fazer? – perguntou a criança.

– Ora, se o que é feito gera infelicidade, é preciso fazer o contrário para gerar felicidade. Certo? É até uma questão de inteligência, pois se cada um fizer o seu melhor, não só para ele mesmo, mas para todos, então todos ficarão tão felizes que começarão também a fazer o seu melhor.

– Mas é só isso? – surpreendeu-se a criança.

– Sim, é só isso. Se cada um fizer a sua parte, sem se preocupar com o outro, as pessoas passarão a ser mais felizes e os problemas que você vê na televisão irão diminuir.

– E por que as pessoas não fazem isso? – perguntou desconfiada a criança. – Já que é melhor, por que não fazem isso?

– Talvez elas deixaram de ouvir o seu “anjo da guarda”, que está sempre com ela, mas que elas não deixam falar... Vá, e continue a me escutar, para que você seja uma criança exemplar.

Aquele dia, e sempre tem esse dia, a criança acordou e entendeu como é possível ser mais feliz.

Piracicaba, 12 de agosto de 2.011.

Giuliano Pereira D’Abronzo
Texto publicado no jornal “A Tribuna Piracicabana”, em 31 de agosto de 2.011, na página 4.

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