terça-feira, 5 de abril de 2011

5/04/2011 - 09h11

Com emprego em Brasília e em Cachoeiro

Cristiane Vieira assumiu a direção da Câmara em fevereiro, mas, 
desde agosto, é nomeada no Senado

A GAZETA

Mariana Montenegro
mmontenegro@redegazeta.com.br

Cristiane Feu - caso que a física não consegue explicar:
01 pessoa ocupando 02 lugares ao mesmo tempo.

Imagine alguém dar expediente em Cachoeiro de Itapemirim e em Brasília ao mesmo tempo. É o que estaria fazendo, ao menos nos papéis, a servidora Cristiane Thomaz Feu Rangel Vieira. Ela está lotada como servidora comissionada no gabinete de apoio do senador Magno Malta (PR) e também na Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado. A distância, de 1.343 quilômetros, certamente impede que ela cumpra a carga horária das funções acumuladas nos dois empregos. 

Nomeada no Senado desde agosto de 2010, Cristiane foi empossada na Câmara de Cachoeiro em fevereiro deste ano como diretora-geral, data a partir da qual estaria com dois cargos públicos comissionados. Ontem à tarde, a reportagem entrou em contato com o gabinete do senador em Brasília e no Estado - onde ela estaria lotada - e nos dois locais Cristiane foi apontada ainda como funcionária de Magno. No site do Senado ela também aparece como assessora parlamentar, com um salário líquido de R$ 1.457,33.

TODOS CONTRA A HIPOCRISIA!

A própria Cristiane, entretanto, admite que não trabalha mais para Magno Malta, para quem, segundo ela, prestou serviços até 25 de janeiro, quando solicitou, por carta, sua exoneração. Mas, passados dois meses da suposta exoneração, a equipe do senador, estranhamente, não estaria sabendo da saída de Cristiane. 

Salário

Na Câmara de Vereadores, ela foi nomeada com salário de R$ 5.886,40. O presidente da Casa, Julio Ferrari (PV), responsável pela nomeação, garantiu que a servidora cumpre seus horários no Legislativo. "Eu não sabia que ela também está nomeada em outro lugar. Vou mandar verificar. Mas, se ela está errada, está errada com o senador. Aqui ela cumpre todos os horários, acompanha as sessões e trabalha muito bem", alegou Ferrari.

O senador Magno Malta foi procurado pela reportagem durante toda a tarde de ontem para esclarecer o assunto, mas não retornou as ligações e recados deixados com sua assessoria de imprensa.

"Trabalhava com coisas relacionadas à campanha"

Aparentando surpresa, Cristiane Thomaz Feu Rangel Vieira garantiu para A GAZETA que enviou carta solicitando sua exoneração do gabinete de Magno Malta (PR) em 25 de janeiro deste ano. Desde então, segundo ela, não recebe mais o salário pago pelo Senado.

"Eu cumpro todos os meus horários. Estou tranquila porque pedi minha exoneração e tenho como comprovar. Acho que deve ter ocorrido algum erro no sistema, alguma burocracia pendente. É meu nome que está em jogo e fica uma situação muito chata", disse Cristiane. 

A funcionária alegou que também deseja esclarecimentos sobre o motivo que faz seu nome aparecer ainda como servidora de Magno no site do Senado - com última atualização às 9 horas de ontem. Ela explicou que trabalhou para o senador de agosto de 2010 a janeiro deste ano como assessora parlamentar - incluindo o período eleitoral, quando Magno Malta disputou a reeleição. 

Questionada sobre o que fazia exatamente, Cristiane admitiu: "Trabalhava no que me mandavam". "Coisas relacionadas à campanha ou qualquer outra coisa que mandassem. Eu ficava em Cachoeiro mesmo", explicou, dando a entender que atendia a demandas de campanha do senador à reeleição. Magno foi o segundo senador mais votado em Cachoeiro de Itapemirim, com mais de 58 mil votos.

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